Coluna Senge Jovem | O Acesso e o Uso da Água no Brasil – Realidade a ser repensada!

Senge Paraná
16.JUL.2018

Por Mateus Silva, Estudante de Engenharia Química na UNILA

A Organização das Nações Unidas (ONU) declara que o acesso à água potável é um direito humano. Podemos contabilizar este como um dos direitos humanos que o Brasil não alcança em sua plenitude. Segundo o Fundo das nações Unidas para a Infância, UNICEF, 6,2 milhões de brasileiros/as não têm água potável em suas casas. Somado a isso, temos 29 milhões sem acesso ao esgotamento sanitário, mesmo com as fossas sépticas entrando na conta.

Dados da Agência Nacional de Águas (ANA) mostram que mais de 80% da água brasileira é destinada à agropecuária. O uso humano direto fica com 10% e a indústria com 7%. Contextualizando o agronegócio brasileiro, vemos majoritariamente o cultivo de soja, em zonas diversas do país, principalmente no centro oeste, e avançando sobre o Pará e o Paraná. Soja essa que não pertence nem ao Brasil, nem ao povo brasileiro. Grande parte da soja produzida no Brasil é commodity alheia, exportada para se tornar ração de animais.

O Ministério do Desenvolvimento Social diz que mais de 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros são provenientes da agricultura familiar, que hoje perde terras, e luta para sobreviver frente aos grandes fazendeiros do país. A partir de tudo isto, vemos que a água brasileira não pertence ao povo brasileiro.

Ademais, temos o aquífero guarani, que além de pertencer ao Brasil, também pertence ao Paraná, sendo atacado. O Congresso Brasileiro hoje, pressionado por multinacionais, está prestes a vender o segundo maior aquífero do mundo, e privatizar um direito humano básico.

Dentro deste cenário caótico, a engenharia tem um papel imprescindível. Cabe a nós, futuros engenheiros/as, não só defender e conquistar o acesso universal à água e ao esgotamento sanitário, mas garantir e implementar as políticas públicas da área. É preciso levar água às casas brasileiras, mas também levar uma água de qualidade, e de preço acessível. A rede de esgoto tem de chegar às mesmas casas, e esse esgoto tem de ser devidamente tratado e o efluente descartado de forma correta.

Há um grande desafio hoje no país, e tanto a academia quanto o governo precisam se fazer presentes, para que os brasileiros/as tenham uma vida digna e justa.

 

:: Confira as colunas anteriores:

 

Maio | 5 mulheres que fizeram a diferença na Engenharia – Por Taynara Camargo, estudante de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e integrante da coordenação do Senge Jovem

Abril Estudantes em movimento = educação de qualidade! – Por André Munhoz, estudante de Engenharia Elétrica da UFPR e integrante da coordenação do Senge Jovem PR

Março | Mulher, dê vida à sua voz! – Por Tayná Silva, do Senge Jovem de Londrina

Fevereiro | Engenharia, política e a geração mimimi – Por Luiz Calhau, Engenheiro Civil, diretor do Senge-PR, integrante da coordenação do Senge Jovem e mestrando em Planejamento Urbano pela UFPR

 

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