Copel adia venda de sede para “Deus sabe quando”

Após questionamento de sindicatos de possível irregularidade, empresa recua da alienação"

Edificio Copel, na Coronel Dulcidio em Curitiba Foto de Gilson Abreu/ANPr
Comunicação
16.MAR.2021

A Copel anunciou ao mercado financeiro o adiamento da venda de sua sede localizada no Centro de Curitiba. O leilão foi suspenso sem uma data definida. A venda faz parte de uma estratégia do Governo do Paraná de abrir mão do seu patrimônio. O estado já privatizou a Copel Telecom e planeja colocar no mercado financeiro ações sem preferência de voto. O processo era questionado por sindicatos, que questionavam qual é o motivo de alienar bens dentro de uma empresa altamente rentável e com demanda por contratações.

Antes do comunicado, o Coletivo Sindical dos Empregados da Copel havia encaminhado pedido de informações à Superintendência de Gestão Empresarial, Departamento de Logística de Suprimento, da Copel, cobrando explicações. A entidade ainda alertava para o risco civil de penhorar a sede.

“O bem objeto do referido processo licitatório deve ser considerado como bem público de uso especial, tendo em vista que se trata de edifício público que serve aos misteres da Companhia. E sendo desta forma, os bens públicos, por força de lei, são impenhoráveis, e a princípio, sobre os mesmos também recai o instituto da inalienabilidade, em razão do interesse público que repousa sobre o bem”, alertou o comunicado encaminhado pelo escritório Trindade e Arzeno, que representa as entidades sindicais.

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Posteriormente, é questionado  “quais os motivos que levaram a empresa a realizar o presente processo licitatório eletrônico para a alienação do edifício sede da empresa, já que não foi demonstrada exceção à inalienabilidade do bem, ante a sua característica e vinculação ao patrimônio público, tampouco a motivação à venda?”.

Um dos principais questionamentos abrangia que o valor inicial do leilão, em torno de R$ 32,5 milhões, era insuficiente para um prédio localizado em região nobre de Curitiba. “Não permite a conclusão de que o valor reflete o real montante praticado pelo mercado para a região, sem considerar também eventuais melhorias e benfeitorias realizadas pela Companhia no imóvel, que certamente contribuem a uma avaliação maior”.

Além do pedido de esclarecimentos, as entidades ainda entraram com um pedido de vistas no leilão no dia 9 de março, “observando-se disposição editalícia acerca das datas para realização do processo licitatório, estabelecendo o prazo de 05 (cinco) dias úteis para retorno”.

::. Clique aqui e confira o pedido de vistas

Sem resposta, mas com suspensão

A resposta da Copel aconteceu dois dias depois (11/3)  do pedido formal de explicações. Mas aconteceu de forma indireta. Em um comunicado no site da empresa referente a Licitação Eletrônica Copel DIS n° SGD/DPLS 003/2021 – Alienação de Imóvel”, a empresa disse que o pregão marcado para 25 de março estava adiado sem nova data, “Sine Die”. Ou seja, sabe-se Deus quando.

Ao prestar esclarecimentos ao mercado, o comunicado da Copel afirmou que o prédio foi desocupado após a venda da Copel Telecom, que teve impacto “basicamente pelos motivos da mudança dos postos de trabalho, inclusive Diretoria, para o Polo KM-3”. 

Com relação ao valor, o documento assinado por Marco Aurélio Gonçalves, Coordenador da Disputa, diz que “além de avaliação interna, foram feitas outras duas avaliações, e a utilizada foi a de maior valor, realizada pela Câmara de Valores Mobiliários”.

Copel envia documentação

Após a publicação desta reportagem sobre a suspensão do leilão, a Copel enviou a documentação com detalhes do “DOSSIÊ DE DESVINCULAÇÃO IMÓVEL SEDE”, conforme solicitado pelas entidades sindicais.

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