Ratinho mente sobre a necessidade de venda da Copel e Compagas

Governador quer privatizar empresa que deu lucro de R$ 5 bilhões no ano passado

Governador quer se desfazer de empresas públicas. Foto: Roberto Dziura Jr/AEN
Comunicação
20.DEZ.2022

O governador de extrema direita Ratinho Junior (PSD) tenta se desfazer da Copel e da Compagas. Durante a diplomação para mais quatro anos de mandato, ele mentiu sobre a necessidade de vender as duas companhias, sobre o controle acionário e estabilidade dos empregados após as privatizações. O governador tenta renovar a concessão da Compagas ainda neste ano para vendê-la. Além disso, pretende colocar as ações da Copel, que faturou R$ 5 bilhões em 2021, à venda no fim do ano que vem. Contudo, a intenção pode esbarrar na nova política de manutenção das estatais adotada pelo governo federal eleito.

Segundo Ratinho, as refinarias de gás estão no setor privado e o poder público não consegue acompanhar os investimentos necessários para ser competitivo. “A industrialização depende desse avanço. Eu faço a renovação da concessão do gás ainda neste ano e depois a gente faz a privatização”, programou o governador.

Contudo, diferente do que o governador disse, o Gasoduto estatal é central para o desenvolvimento e soberania regional. Um exemplo é o acordo firmado entre a China e a Rússia para o gasoduto. O gasoduto poderá enviar gás da Sibéria, na Rússia, até Xangai, no litoral da China, cobrindo uma distância de 3 mil km. Ele está em fase final de construção, mas já vem fornecendo combustível a diversos pontos do norte da China no trajeto. O empreendimento é tocado pelas estatais Gazprom, da Rússia, e a China National Petroleum Corp.

Perda do controle da Copel

Com relação a Copel, o governador mentiu ao dizer que vai manter o controle acionário da empresa e o poder de veto, mesmo reduzindo sua participação de 69% para apenas 10%. “Só existem três estados no Brasil que têm esse modelo estatal que atrasa, que não tem velocidade para acompanhar o setor privado. Importante registrar que o Paraná continua sendo o sócio majoritário da Copel. O estado tem o poder de veto. Os gestores terão que cumprir aquilo que está no contrato. O que diferencia é que a Copel vai ter mais velocidade”, disse o governador.

Discurso que contraria a própria gestão atual do atual CEO da Copel, Daniel Slaviero, ressaltando mindiset privado. “Seremos uma empresa estatal com mindset privado, que busca melhoria constante, com redução de custos e aumento da eficiência. Nossa prioridade é contribuir para que esses bilhões que vêm de investimentos para o Paraná tenham segurança de que terão energia de qualidade e estável para que, tanto o setor privado quanto os consumidores, continuem crescendo e desenvolvendo nosso Estado”, disse Slaviero ao destacar resultados positivos.

Por outro lado, Ratinho Junior omitiu que a empresa estatal paranaense se destacou como 20º lugar tarifa mais barata do país e que os líderes no ranking, mais caras, são justamente as companhias privadas. Também escondeu que no mundo todo está ocorrendo a reversão das privatizações,  como na França, Alemanha, Espanha, Reino Unido e, mais recentemente, Portugal estatizou empresas de água e energia. Já nos EUA, o setor de energia é majoritariamente público.

Com relação ao controle acionário, o presidente do Senge-PR, Leandro Grassmann, questionou a versão de que a empresa seguirá sob o controle do estado. “Não tem nem o que comentar. Falta conhecimento básico ao governador. Quem tem 10% da empresa não é dono, nem manda na empresa. Mesmo com cláusula de veto, não manda. No máximo, veta alguns assuntos ligados ao que é regulatório. Ratinho quer, na verdade, aumentar ainda mais o repasse de dividendos para os acionistas privados em uma empresa que faturou R$ 5 bilhões e distribuiu R$ 3 bilhões em lucros no ano passado”, ressalta Grassmann.

Empregos dos copelianos em risco 

É falsa a informação de que os empregos estão garantidos, como disse o governador: “Nós temos a garantia para que os funcionários da Copel tenham garantida a empregabilidade”. No atual momento, sindicatos e Copel estão com as negociações paralisadas principalmente porque a empresa quer autorização para poder demitir 35% dos seus funcionários em até cinco anos. “Isso não existe. Tanto não existe que nem o Governo nem a Copel querem garantir uma transição tranquila em caso de venda.  A negociação com os sindicatos não avança,  não há garantia de emprego ou reaproveitamento de empregados. A única coisa que foi sinalizada é a possibilidade de mais demissão através de um PDV”, informa o presidente do Senge-PR.

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