Sanepar ignora sindicatos e nomeia líder de partido para cargo técnico

Senge Paraná
09.MAIO.2018

Contra a manifestação de repúdio dos saneparianos, do Senge e demais sindicatos, a Sanepar nomeou nesta terça-feira (8) Umberto Crispim de Araújo para o cargo de gerente geral noroeste da empresa. Claramente uma indicação política, Crispim passa a ocupar um cargo que deveria ser preenchido por um profissional com conhecimento técnico e de carreira da Sanepar. A indicação foi confirmada via assessoria ao Senge pela Sanepar, que não quis se manifestar sobre os critérios políticos da decisão ou sobre a nota de repúdio do Sindicato.

Umberto Crispim (direita), ao lado de Ricardo Soavinski, presidente da Sanepar, e Paulo Dedavid, diretor de Operações
Umberto Crispim (direita), ao lado de Ricardo Soavinski, presidente da Sanepar, e Paulo Dedavid, diretor de Operações

“Essa indicação não deixa de ser aparelhamento. A empresa está acatando uma indicação política do governo. Nomear um diretor político, apesar dos questionamentos que existem, é até compreensível porque é uma função muito mais negocial e política do que técnica, mas a gerência geral é um cargo operacional, de cunho técnico”, afirma Leandro Grassmann, vice-presidente do Senge. 

Na semana passada, alertando a pressão política e a movimentação de bastidor que ocorria na Sanepar em Maringá, o Senge publicou nota de repúdio à indicação de nomeação de Crispim. Na manifestação, publicada no portal MaringáPost, no blog do Angelo Rigon e na Gazeta do Povo (aqui e aqui), o Senge já apontava um risco imenso que a nomeação oferece, abrindo espaço para que haja nomeação estritamente de cunho político para cargos técnicos nas estatais, passando da Sanepar para a Copel, Compagás, Cohapar entre outras.

 

gp_sanep

“Nunca na história da estatal um quadro técnico desta envergadura e responsabilidade foi ocupado por alguém de fora da Sanepar e sem o conhecimento técnico na área. Uma medida como esta abre precedente para que haja uma generalização na ocupação de quadros estratégicos na estatal, o que certamente tende a precarizar os serviços prestados pela Sanepar aos milhares de cidadãos”, critica Grassmann.

Nomeação política põe em risco operação da Sanepar

O cargo de diretor geral da regional tem responsabilidade de coordenação de ações de gestão da região, de definição e orientação dos projetos desempenha papel de cobrança de e cobrar medidas de gerenciamento de unidades regionais, setor operacional de serviços eletromecânicos e de outras áreas de gerenciamento.

tabela_sa

“Na medida em que deixa de ter critérios de potencial de conhecimento para apenas nomear pelas ligações políticas, nossa preocupação é que, além de ceifar a carreira de profissionais que estudam e se especializam, a falta de experiência e conhecimento técnico na área levem a regional e a empresa à decisões incorretas que podem prejudicar economicamente a Sanepar e aos paranaenses”, alerta o diretor do Senge.

A preocupação do dirigente sindical é reforçada com os números financeiros e de operação publicados pela Sanepar nesta terça-feira (8) no relatório do primeiro trimestre. Segundo a estatal, Maringá ocupa o terceiro lugar na lista dos dez maiores clientes da empresa. Responsável por mais de 5% da receita da Sanepar, e único município na lista com 100% de índice de cobertura de água e coleta de esgoto.

Pula-pula em cargos políticos

Ex-vereador de Maringá, Crispim é atual presidente do partido na região, e tem uma longa carreira de cargos políticos na administração municipal e estadual, tendo ocupado Diretoria de Relações com Investidores da Sanepar em 2011, de secretário do meio ambiente na gestão do ex-prefeito de Maringá, Carlos Roberto Pupin (PP), e até se candidatou ao cargo de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado.

Voltar a Notícias