Senge Jovem debate os novos rumos da engenharia

Senge Paraná
04.OUT.2013

Vinte e quatro estudantes de engenharia de universidades públicas e privadas do Paraná participaram do primeiro ciclo de debates da Jornada Senge Jovem. O evento, intitulado Mais Engenheiros (as) – Construindo novos tempos, tratou do papel dos futuros profissionais de engenharia na construção de um Brasil melhor. Coordenado pelo diretor do Senge-PR responsável pelo projeto Senge Jovem, engenheiro Civil, Cícero Martins Jr., encontro foi na noite desta quarta-feira, na sede do Senge-PR, com a presença do presidente do Sindicato, engenheiro eletricista, Ulisses Kaniak, o presidente da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge) e vice-presidente do Senge-PR, engenheiro agrônomo, Carlos Roberto Bittencourt, o diretor do sindicato e professor do Departamento de Transportes da UFPR, engenheiro civil e mestre em administração, José Ricardo Vargas de Faria; a diretora e representante Senge-PR do coletivo de Mulheres da Fisenge, engenheira agrônoma, Sandra Cristina Lins dos Santos e o coordenador de seminários técnicos do Senge Jovem, José Carlos Bezerra Filho.

Ao abrir o debate, o coordenador do Senge Jovem destacou a importância da participação dos estudantes de engenharia em ações com foco social. “A universidade não nos prepara para o chamado mundo do trabalho. É necessário aplicar o conhecimento para o benefício da sociedade. Por isso é importante participar ativamente de movimentos estudantis e de ações que auxiliam na formação efetiva do futuro profissional”, disse Cícero Martins Junior.

Ulisses Kaniak, presidente do Senge-PR, ressaltou que o sindicato é importante parceiro na formação dos futuros engenheiros, não somente pela defesa que faz pela valorização da categoria, mas também de causas de interesse coletivo de toda a sociedade. “Não tratamos apenas da defesa corporativa dos engenheiros, mas também na discussão e em lutas que assumimos de questões relevantes para a sociedade. É neste campo que o sindicato faz a diferença”, observou ao citar o estudo recente feito pelo Senge-PR, em conjunto com outros quatro sindicatos, que aponta irregularidades no processo licitatório do transporte de Curitiba e pede que a Prefeitura anule a licitação.

Kaniak ressaltou que o profissional de engenharia é preparado para executar uma grande gama de tarefas, o que o diferencia no mundo do trabalho. “Há muitos engenheiros atuando em outras áreas, passando em concursos considerados difíceis e disputados por muitas empresas”, lembrou.

Formação – O alto índice de evasão nos cursos de engenharia foi o destaque dado por José Ricardo Vargas de Faria. Ele lembrou que a proporção anual de graduandos de engenharia (aqueles que completam o curso) é de 4,4%, índice baixo no universo dos demais cursos. “Entram 100 alunos e muito poucos chegam ao fim do curso. O que vemos é que o alto índice de reprovação nos dois primeiros anos dos cursos de engenharia faz com que ocorram as desistências”, disse. O diretor do Senge-PR e professor da UFPR atribui a evasão à falta de base nas disciplinas que exigem cálculo. “Para mudar este quadro é necessário aprimorar a qualificação nas matérias de exatas no ensino básico e no ensino médio, além de criar espaços de complementação dessas disciplinas dentro das universidades”. Vemos que as instituições de ensino com menor índice de evasão investem em mecanismos como cursos de complementação e bolsas de estudo que garantem a permanência dos estudantes”.

Faria também considera necessário que haja a revisão das grades curriculares, de forma a ampliar o contato com a profissão já nos primeiros anos, em que hoje se aplicam exclusivamente matérias de cálculo.

O professor também acha necessário que o Estado invista no fortalecimento do setor produtivo que demanda trabalhos de engenharia. “Quando falamos em “Mais Engenheiros”, temos que pensar que é necessário aumentar a atuação da engenharia no Brasil. Hoje há muito mais vagas disponíveis em outros setores, como por exemplo, os bancos, do que naqueles relacionados à engenharia. É preciso também investir nos cursos e na ampliação do corpo docente. Hoje está faltando professor de engenharia. Esta combinação de ações certamente fortalecerá o setor”, completou Faria.

Prática – Para o estudante de engenharia e coordenador de seminários técnicos do Senge Jovem, José Carlos Bezerra Filho, é necessário que o futuro engenheiro tenha noção de responsabilidade que a profissão representa. “É importante que o estudante tenha interesse em se politizar e questionar a respeito do seu papel na sociedade. “O curso de engenharia não tem que lhe ensinar a fazer. Tem que ensinar a pensar como fazer. O estudante precisa sair da universidade com a capacidade de desenvolver e aplicar o que aprendeu como forma de contribuir com a sociedade”, disse.

A diretora do Senge-PR, Sandra Cristina Lins dos Santos, ressaltou a necessidade de que os engenheiros e engenheiras que, embora façam parte de uma categoria preparada e disputada por sua qualificação, mantenham o foco de que fazem parte da sociedade, que é diversa, e assumam responsabilidades neste processo. “Nós, mulheres ou homens da engenharia somos parte de uma sociedade que, historicamente, trata os gêneros de forma diferente. Hoje há cada vez mais mulheres nas diversas modalidades de engenharia, mas que ainda ganham até 30% menos que os homens para o exercício da mesma função. Numa sociedade igualitária é necessário que haja o equilíbrio”, observou.

Vivência – Ao falar aos estudantes, o presidente da Fisenge, Carlos Roberto Bittencourt, os parabenizou por escolherem a engenharia e fez um apelo para que não desistam de sua escolha. “A engenharia tem muito a oferecer. Há sete ou oito anos, nossa profissão estava morta no cenário nacional. Foi uma época em que não se pensava em infraestrutura nem em planejamento. O foco estava no mercado de capitais. Com a mudança de prioridades nos últimos anos, e os programas de aceleração do crescimento, entre outros fatores, aumentou o espaço da engenharia, especialmente a Civil”, disse.

Bittencourt considera, no entanto, que alguns fatores recentes atrapalham o setor, como por exemplo, a multiplicação de cursos da área com denominações diversas. “Existem 308 cursos com nomes diferentes no nível superior de engenharia. Isso faz com que faculdades formem profissionais com especialidades pontuais que acabam tendo dificuldades de inserção no mercado. Há engenharia florestal e engenharia da madeira, por exemplo. Os engenheiros com formação mais ampla têm espaço não apenas na engenharia, mas também em outros setores”, comentou.

Na opinião do presidente da Fisenge, os futuros engenheiros não devem restrinbgir suas atividades apenas às aulas e à teoria. “Não adianta fazer curso de engenharia e se preocupar apenas com a nota das provas. É importante participar de centros acadêmicos, buscar estágios e outras formas de ampliar as atividades junto à sociedade. No final, o que fará a diferença não será a nota, mas a vivência”, afirmou Bittencourt ao final do primeiro encontro da Jornada Senge Jovem.

O próximo evento do projeto será no dia 17 de outubro, na PUC, com foco nos estágios de engenharia. A programação está em fase de fechamento e será divulgada no site do Senge-PR, no blog do Senge Jovem (www.senge-pr.org.br/sengejovem) e pelo facebook www.fb.com/sengejovempr

 

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