A agricultura familiar e agroecológica conciliam tecnologia avançada e conhecimento

Tecnologia e conhecimento de sobra nos estandes da agricultura familiar. Foto: Manoel Ramires/Senge-PR
Comunicação
14.FEV.2023

Manoel Ramires/Senge-PR

ESPECIAL CASCAVEL | Máquinas enormes, tratores sem condutores, colheitadeiras de alta precisão, pulverização com drone utilizando GPS. O agronegócio é altamente tecnológico. Por outro lado, nem por isso a agricultura familiar e agroecológica não são também. Essa é a avaliação dos engenheiros agrônomos que participaram do 35o Show Rural. Eles contrariam a visão equivocada de que as técnicas de produção de alimentos é rudimentar e ultrapassada. Em muitos casos, o conhecimento aplicado é extremamente contemporâneo, engenhoso e, principalmente, mais rentável que muitos latifúndios.

Para o engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa, Alberto Feiden, o primeiro passo para entender os avanços da agricultura familiar e agroecológica é  desmistificar o que é tecnologia. “O agronegócio utiliza tecnologia de insumo e de produtos. Já na agricultura familiar e na agroecologia, a tecnologia é de processos. A gente exige muito mais conhecimento no processo agroecológico do que em um sistema convencional”, compara. 

Segundo o pesquisador, o agronegócio acaba sendo mecanicista. “Você usa uma receita de produtos dentro de um calendário, o que não precisa de muito conhecimento”, diz.  Por outro lado, a diversidade de culturas é muito mais complexa, o que ocorre na agricultura familiar. “Você tem agricultores familiares que produzem hortaliças, com ciclos e características diferentes. Para eles, a quantidade de conhecimento exigido é muito superior do que qualquer monocultura”, destaca Feiden.

Mais com menos. Essa é a visão do engenheiro agrônomo, Eduardo Augustinho dos Santos, diretor da Regional do Senge-PR, em Maringá. A começar pela falta de subsídios para a sua plantação. “O agricultor familiar não pode dar prejuízo, tem que fechar no azul”, esclarece o especialista. Para Augustinho, é daí que nasce a necessidade de diversificar o plantio e, consequentemente, o nível de conhecimento.

“Em um hectare de pitaya, o agricultor consegue faturar até R$ 270 mil. E um alqueire de pitaya equivale a 25 alqueires de soja. Ou seja, tem que ter muito conhecimento, ainda mais no combate às pragas. O produtor, nesse caso, usa tecnologia no controle de armadilha, planta de cobertura, ensacamento. Então, tem que estar muito antenado para chegar a uma lucratividade maior”, detecta o engenheiro agrônomo. 

Apoio do governo leva tecnologia

Para auxiliar esse conhecimento e tecnologia é que entram os profissionais da agronomia a partir do governo do estado. No ano passado, o IDR-Paraná organizou um dia de campo sobre o Sistema de tutoramento e adensamento em espaldeira no cultivo de pitaya. A prática assegura produtividade e qualidade para os cultivos da fruta.

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O apoio ainda se aplica à questão da sociologia rural. Eduardo Augustinho dos Santos ainda comenta que muitas propriedades acabam necessitando de sucessão familiar, o que envolve o risco de a propriedade desaparecer. Já a engenheira agrônoma Josiane Burkner dos Santos, Diretora da Regional do Senge-PR de Ponta Grossa, afirma que a qualificação da pequena agricultura é fundamental para combater o êxodo rural.

“O filho do agricultor pode não querer ficar na propriedade por falta de um retorno financeiro tão bom quanto na cidade. Agora, se levar tecnologia, melhoram as condições e retém as pessoas. Por isso, os projetos sociais do estado são voltados para melhorar a tecnologia do pequeno agricultor”, mapeia a engenheira agrônoma.

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