Coletivo de Mulheres entrevista engenheira civil Maria Cristina Graf

Engenheira também é diretora do Senge-PR

Maria Cristina Graf em um canteiro de obras. Foto: Arquivo Pessoal
Comunicação
23.JUN.2021

Nesta quarta-feira, 23 de junho, é celebrado o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia. A data foi estabelecida pela Women’s Engineering Society com o objetivo de destacar as contribuições das mulheres para a Engenharia, e chamar a atenção para as empolgantes oportunidades de carreira disponíveis para as meninas nesta indústria.

Para marcar o dia de hoje, o Senge-PR conversou com a engenheira civil Daniele Sagrado e com a nossa própria diretora e integrante do Coletivo de Mulheres, a também engenheira civil Maria Cristina Graf.

Maria Cristina é formada pela PUC-PR (1987/93) e tem pós-graduação em Planejamento Urbano/ PUC e Direito Imobiliário/UP. Atua como autônoma há mais de vinte anos. Atualmente é Conselheira do Crea na Câmara de Engenharia Civil.

Confira abaixo a entrevista na íntegra:

Como foi sua trajetória profissional até aqui?

Desde pequena eu sempre tive gosto por obras, por construções, e tinha muita facilidade para matemática, então todo mundo dizia que eu devia fazer Engenharia. Também tive a influência do meu padrasto que era engenheiro, porém de Estradas. Eu fiz a faculdade de Engenharia Civil na PUC (Pontifícia Universidade Católica) numa época em que na turma de 70 alunos, apenas três eram mulheres. Era bem desequilibrado. Hoje o curso de Engenharia Civil está com mais ou menos 50% da ocupação com mulheres. Eu fico muito satisfeita e muito feliz com isso.

Quais desafios você enfrentou na sua carreira? Sentiu que algum deles veio por conta de ser mulher?

Eu não sei se tive a sorte de fazer uma boa faculdade, mas tive sempre, desde o primeiro ano, a opção de fazer estágio. Então sempre entive muito envolvida no mercado de trabalho. Isso facilitou e me ajudou para que tudo acontecesse de forma muito natural. Fiz estágios no Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), e depois fui para uma construtora onde tinha apenas duas mulheres: eu como estagiária de Engenharia e a responsável pelo departamento financeiro. Neste lugar tive a sorte de ser sempre muito respeitada, tanto que quando terminei a faculdade, automaticamente fui efetivada. Daí em diante, passados dois anos, no pior período econômico até então, sem financiamentos, grandes problemas na época Collor, falta de dinheiro, eu parti para uma carreira de profissional liberal. Também trabalhei sozinha. Não sofri nenhum preconceito, mas às vezes sofria mais questionamento por parte das mulheres do que dos homens. O desafio que eu encontrei foi persistir no que eu mesma queria.

Você acredita que as empresas de engenharia podem tornar o ambiente mais acolhedor para as mulheres?

Eu acredito que as mulheres, pela própria natureza, tornam os ambientes melhores. Ter uma mulher na carreira das ciências exatas, que é dita muito masculina, traz um lado mais sensível, mais humano, no trato com os funcionários, na organização. Eu acho que as mulheres fazem um ambiente muito melhor e muito mais acolhedor.

Você tem algum role model? Alguma mulher que te inspirou pessoalmente ou profissionalmente?

Eu posso dizer que na minha infância, no colégio que eu estudava, eu tive uma professora de matemática excelente. Ela me incentivou realmente a estudar e me dedicar, e eu sempre vi ela como um exemplo. Uma pessoa séria, dedicada, incentivadora. Por mais que seja na profissão do magistério, eu sempre gostei muito da pessoa que ela era, acho que ela foi uma inspiração.

Quais suas perspectivas para o futuro? Acredita que as mulheres podem aumentar sua participação na engenharia? Como isso poderia acontecer?

Eu acredito que o mercado vai ser cada vez mais feminino. As mulheres estão estudando mais, elas são muito mais batalhadoras, elas sabem estudar, se dedicar, ter duas ou três jornadas como cuidar da casa e da família. Eu tenho uma perspectiva muito boa. Fico muito contente sabendo que as mulheres estão estudando, que estão conseguindo ir até a universidade, se formar e chegar ao mercado de trabalho. Seja na engenharia ambiental, na engenharia elétrica, florestal ou civil. Eu vejo isso com muito bons olhos e isso me dá muito orgulho.

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