Copel demitiu quase 30% dos funcionários em 10 anos

Empresa intensificou política de enxugar quadro próprio e ampliar distribuição de lucros

Presidente da Copel Daniel Pimentel Slaviero ampliou a política de demissões - Foto: Copel
Comunicação
07.FEV.2022

Por Manoel Ramires/Senge-PR

Você acreditaria que uma empresa com lucro líquido acumulado de R$ 4,6 bilhões até setembro de 2021, 67% acima do ano anterior, precisaria demitir um terço de seus funcionários? Pois a Copel, sim. Na companhia, que viu seus lucros explodirem durante a pandemia de Covid-19, faz parte da política de negócios diminuir o quadro de profissionais e repassar seus resultados para os acionistas. Estratégia intensificada na gestão de Daniel Pimentel Slaviero, que vendeu a Copel Telecom e promoveu programa de demissão voluntária com 509 adesões.

A diminuição de quase um terço do quadro de funcionários ocorreu em uma década, segundo dados da Copel analisados pelo DIEESE. A redução ocorreu em todas as áreas. “Pela RAIS, o número de trabalhadores no período de 2010 a 2020 diminuiu 26,92%, passando de 8.399, em 2010, para 6.138, em 2020, a perda de 2.261 empregos. A maior redução ocorreu no ano de 2013 (16,57%), com a perda de 1.488 postos de trabalho. Todavia, observou-se que maior parte desta queda vem ocorrendo nos últimos anos, principalmente de 2017 a 2020, apresentando queda de 19,60%, com a perda de 1.496 postos de trabalho”, avalia o DIEESE.

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O que se verificou é que o número de trabalhadores do quadro próprio teve redução de 25,15%, entre 2010 e 2020, passando de 8.907 para 6.667. Mesmo comportamento foi observado para o número de trabalhadores quando consideradas as controladas – redução de 27,3% dos postos de trabalho, entre 2010 e 2020, saindo de 9.401 para 6.832 empregos.

Em 10 anos, empresa cortou quase 30% dos empregos. Demissões continuaram em 2021

A política de demissões do quadro próprio da última década é mantida e ampliada com “êxito” pela atual direção da Companhia Paranaense de Energia Elétrica. É o que afirma o presidente da Companhia, Daniel Slaviero Pimentel, em prestação de contas aos acionistas.

“Fizemos um grande corte de funcionários. Reduzimos 480 pessoas em 2020 e iniciamos a terceirização do Call Center. Isso representa uma redução de cerca de 7% no quadro de empregados. A expectativa é de uma economia em torno de R$ 68 milhões nos custos a partir de 2021 e de mais R$ 9 milhões a partir de 2022. Já foram desligados 1600 funcionários em três anos. 20% de redução nesse período”, comemora o presidente da Copel. O quadro de pessoal da Copel encerrou o terceiro trimestre de 2021 com 6.414 empregados.

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E as demissões não pararam. No Boletim de Resultados do Terceiro Trimestre de 2021, um novo pacotaço com demissões é concluído pela empresa, diminuindo ainda mais o quadro de funcionários.

“Como parte integrante da estratégia de melhoria contínua de eficiência e redução nos custos, a Companhia lançou em 18 de agosto de 2021 o Novo Programa de Demissão Incentivada. O referido Programa contemplou três fases, incluindo inicialmente funcionários da Copel Telecom, estendendo-se aos demais empregados da Companhia a partir da segunda fase, com adesão voluntária total de 509 funcionários, os quais se desligarão a partir de fevereiro de 2022”, diz o relatório que pode ser acessado aqui.

TERCEIRIZA PARA RETIRAR DIREITOS

O crescimento da Copel enquanto empresa de fornecimento de energia faz com que ela precise de mão de obra. A questão é de quanto e como a empresa quer pagar por esse serviço. A saída foi a terceirização. Se de um lado, a empresa reduziu sua quantidade de funcionários de 9,4 mil, em 2011, para 6414 no terceiro trimestre de 2021 (dados atualizados), do outro, aumentou a quantidade de terceirizados. O número de trabalhadores terceirizados aumentou 43,79%, entre 2010 e 2020, passando de 5.225 para 7.513, acréscimo de 2.288 trabalhadores.

Para a nota técnica do DIEESE, “constatou-se a redução significativa do quadro dos trabalhadores próprios da empresa, contratados através de concurso público, em detrimento da ampliação do número de trabalhadores terceirizados, e que são contratados através de empresas que não a Copel, com remuneração e direitos inferiores aos trabalhadores da Copel, não sendo abrangidos pelo Acordo Coletivo de Trabalho negociado pelas entidades sindicais que representam os trabalhadores da Copel”.

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