Francamente, Moreira Franco!

Senge Paraná
05.NOV.2013

Em artigo, o presidente do Senge-PR, Ulisses Kaniak, critica a postura do ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, Wellington Moreira Franco, que no último dia 1.º de novembro, em declarações ofensivas à classe de engenharia proferidas em evento realizado em Brasília, colocou a culpa pelos atrasos nas obras dos aeroportos nos engenheiros brasileiros.

Leia o artigo na íntegra:

Depois de difamar publicamente os engenheiros brasileiros, em palestra proferida na última quinta-feira, em Brasília, o ministro Moreira Franco “esclareceu”o seu ponto de vista em nota publicada no site da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República.

Como tal esclarecimento não é uma retratação, nos parece que o ministro – apesar de, por nota virtual, ter amenizado o discurso feito às vésperas de Finados no Encontro Nacional de Editores da Coluna Esplanada, evento que reuniu chefes de redação de veículos de comunicação de 21 capitais -, continua com a ideia de que “o Brasil tem engenheiros ruins e são eles os responsáveis pelos atrasos em obras dos aeroportos”.

Pela nota publicada três dias após as suas declarações, Moreira Franco tenta “desdizer” o que disse aos jornalistas e desvia o foco, às “pequenas e médias empresas de projetos”. É normal que o hoje secretário da Aviação Civil pense assim, afinal ele foi governador de estado no tempo em que tudo se acertava com as grandes empreiteiras e não sobrava espaço para mais ninguém. O que não é normal, nem aceitável, num momento de inflexão para cima da curva de desenvolvimento do país, é que os profissionais responsáveis por fazer acontecer este processo virtuoso sejam taxados de incompetentes.

É certo que dezenas de milhares de engenheiros, desde fins da década de 70 até o início dos anos 2000, migraram para outras áreas de atuação, em busca de melhores oportunidades. Mas aqueles que se mantiveram na ocupação de engenharia não se acomodaram nem emburreceram, ideia que parece intrínseca nas palavras do ministro. A tarefa de buscar o avanço tecnológico da Nação continuou, apesar dos equívocos de governos sucessivos que jogaram contra isso na onda da economia neoliberal.

Agora, com a retomada de crescimento em que vivemos, é muito importante ter mais profissionais qualificados para planejar, executar e fiscalizar as obras em execução e vindouras. Mas a palavra certa pra trazer de volta a engenharia ao topo das profissões desejadas é Valorização.

Valorização dos que já estão disponíveis aqui, e não dos que agora não têm emprego nos países europeus em crise, como bem disse o presidente do Crea-PR, Joel Krüger, em artigo publicado recentemente.

Toda pessoa que assume um cargo público deve estar ciente de suas responsabilidades. E um administrador público que não as reconhece, ou que as transfere para terceiros, está no lugar errado.

Nós, engenheiros, não seriamos levianos a ponto de generalizar, dizendo que o País tem ministros ruins. A autoridade que deve avaliar a competência dos ministros é a Presidente da República, que aliás já trocou vários deles nestes 2 anos e 10 meses de gestão.

O que podemos fazer é sugerir a Dilma Roussef, que recentemente elogiou nossa produtividade em evento em Nova Iorque, o seguinte: se o seu ministro não dá conta do recado, chame um engenheiro!

Ulisses Kaniak
Engenheiro Eletricista e presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná

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