Leilão da Copel Telecom não paga os investimentos feitos nela há décadas

Fórum alerta para novas privatizações que não interessam à população paranaense

Foto: Rodrigo Félix Leal
Comunicação
09.NOV.2020

Foi com um amargo gosto de fel que os paranaenses assistiram na tarde de hoje, 09/11/2020, a liquidação da COPEL TELECOM. A empresa que atende os serviços públicos de que tanto necessitamos, e fornece internet de qualidade a todos os rincões do Estado, foi repassada ao capital privado por r$ 2,395 bilhões.

Nem a crise da pandemia foi capaz de sensibilizar o Palácio Iguaçu. Uma vez que o tema é delicado, e justamente por isto, tenha sido mal discutido na campanha eleitoral, o governo Ratinho preferiu aproveitar o ambiente de quarentena provocado pela calamidade pública, para levar adiante sua conspiração contra sociedade.

Que ninguém se surpreenda com o ágio alcançado no leilão. A liquidação da COPEL TELECOM se deu em episódios estranhíssimos, iniciados com a contratação milionária, sem licitação de banco multinacional para fixação do preço mínimo, e concluídos com dois conglomerados apresentando propostas próximas do preço mínimo, e outros dois em patamares superiores assemelhados.

Diversas ações judiciais questionam tais eventos, outras estão a caminho. O leilão ocorre em momento desfavorável, com a economia em recessão e a moeda nacional valendo muito pouco. Em dólares a COPEL TELECOM foi entregue por frações de seu valor de mercado ou dos investimentos públicos nela incorporados ao longo de décadas.

Parte dos recursos obtidos escoará pelo ralo dos dividendos aos acionistas, buraco que tem recepcionado os lucros que a estatal obteve nos últimos anos, e que tanta falta tem feito a redução de seu endividamento, ao suporte às necessidades de investimento para ampliação, redundância e segurança dos sistemas, e até a satisfação de necessidades técnicas e ambientais mínimas associadas aos empreendimentos já existentes.

Em seu discurso, o governador enalteceu a transparência do leilão, um deslize que oculta a contratação sem licitação de um banco multinacional para a fixação do preço mínimo, e sacramenta sua falta de transparência com o eleitor paranaense.

No leilão, o sr. Carlos Massa ainda anunciou um macabro festival de privatizações: da COMPAGAS, dos Pátios do DETRAN, das rodovias estaduais e federais que cortam o Paraná, e dos quatro principais aeroportos. Todos eles monopólios naturais a propiciar renda certa a seus futuros controladores, para felicidade do rentismo, e que onerarão por décadas os custos e preços praticados na economia estadual e os orçamentos das famílias.

Muito triste assistir o deslumbramento dos sr. Daniel Slaviero, Presidente da COPEL e do sr. Carlos Massa, governador do Estado, com a Bolsa de Valores de São Paulo. Talvez, de fato, acreditem nos contos que embalam suas gestões. Que o principal deles, o conto de que a estatal COPEL irá voltar a sua expertise, que é a geração de energia, não acalante reconforto em mentes desprevenidas.

Já estão em curso estudos para desinvestimentos em geração de energia elétrica a partir de fontes em carvão, e a COPEL conformou-se em ficar com apenas 49% da UHE GBM (UHE FOZ DO AREIA), certamente não disputará o leilão da UHE GNB (SEGREDO). Assim, em um tempo menor do que requerido para construir qualquer uma destas usinas, a capacidade instalada da COPEL será uma fração da atual. E o sr. Ratinho será o primeiro governador da história do Paraná que entregará a empresa menor do que recebeu.

Sem falar na redução constante do quadro de pessoal, em poucos anos a COPEL será tão pequena que a população sequer perceberá que seu maior patrimônio se esvaiu. Mas quem disse que esta não é a traição que a elite local não acalenta desde Jaime Lerner? Quando os políticos representavam os interesses da população em conforto e desenvolvimento, e dos empresários industriais em uma economia moderna, o Estado assenhorou-se dos potenciais de geração hidrelétrica de nossos rios e construiu um vigoroso setor elétrico público como assento do desenvolvimento econômico.

Agora os políticos representam os interesses rapaces do capital financeiro, e sua política consiste na entrega do patrimônio construído nas décadas anteriores às multinacionais. Felizmente, aos poucos a população se dá conta das perversões em curso, e tratará de repudiar nas urnas os representantes do liberalismo tupiniquim. Assim como nos anos 2.000, o Paraná há de reverter entreguismo e fazer prevalecer os interesses de sua população.

Fórum em Defesa da Copel Telecom

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