Orientações da Copel para o coronavírus são tímidas e colocam em risco profissionais

Circular e comunicado fica aquém do sacrifício que o Governo do Estado exige da sociedade

Foto: Rodrigo Felix Leal/ANPr
Comunicação
19.MAR.2020

Nota Coletivo Sindical da Copel

Há um consenso na sociedade que entre a vida e o lucro deve-se optar por grandes sacrifícios de convivência social em nome da sobrevivência. Temos observado o Governo do Estado endurecer medidas como o fechamento de escolas, quarentena para servidores acima de 60 anos, fechamento de fronteiras com países vizinhos e a proibição de viagens de ônibus vindas de estados com surtos de coronavírus. A Rodoviária de Curitiba fechou. A Prefeitura de Maringá decretou o fechamento de shopping, bares e restaurantes. São Paulo vai fechar shoppings. Santos proibiu acesso à praia. Empresas estão adotando home office. O Ebanx, por exemplo, mandou seus 700 funcionários trabalharem em casa. Atitudes duras, mas necessárias para coibir o contágio, independente da gravidade que o vírus possa comprometer a saúde de uma pessoa. 

No entanto, algumas autoridades parecem estar com o fio desencapado diante da pandemia de coronavírus. É presidente que sai do confinamento, mesmo com 15 membros de sua comitiva infectados, ou propõe cortar metade do salário de trabalhadores. É comerciante que abusa no preço do álcool gel. É hotel anunciando “quarentena na praia”. É revista IstoÉ demitindo jornalista que ficou em casa com gripe para não colocar colegas em risco. A direção da Copel parece jogar no mesmo time da inconsequência. Suas orientações são verdadeiro curto circuito para que a pandemia se alastre pelo Paraná.

A circular 13/2020, publicada em 19 de março de 2020, é inconclusiva e expõe, principalmente, os copelianos em “atividades essenciais” sem esclarecer o que seria uma atividade essencial. De acordo com o texto, vão trabalhar em casa somente quem estiver em atividade “não essencial”  e dentro do grupo de risco ou tiver filhos com aulas suspensas. Os demais vão seguir trabalhando no setor administrativo em jornada reduzida, mesmo não sendo essencial. Já as atividades essenciais não possuem nenhuma possibilidade de home office ou jornada reduzida, mesmo que os profissionais estejam no grupo de risco ou tenham filhos com aulas suspensas. É um bug de orientação, ainda mais porque ficou aos superintendentes a definição do que é essencial. Soma-se a isso a manutenção da abertura das agências presenciais da Copel em todo o estado em comunicado feito à população, sendo que a orientação é “quarentena social”. 

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Foto: Rodrigo Félix Leal/Aen

A Copel, maior empresa do Paraná, não tem o direito de colocar sua orientação financeira à frente de sua função social. Temos visto o governador afirmando que vai cassar licença de comerciante que abusar dos preços. Vimos o ministro da Justiça editando portaria autorizando a prisão de infectados que saírem da quarentena. Agora, essas duras medidas, que concordamos dada a gravidade do momento, também valerão para Daniel Slaviero, presidente da Copel, por colocar a saúde e a vida dos copelianos em risco? De que adianta o governador Ratinho Junior ir à imprensa e cobrar responsabilidade da sociedade, fechando cinemas, teatros, bares e shows enquanto a empresa permite, por exemplo, que a Copel Km 3, em Curitiba, com mais de 2 mil trabalhadores siga aberta? Ou expondo trabalhadores a leitura de energia em residências? A ideia é acelerar a transmissão do vírus?

Cobramos mais responsabilidade do presidente da Copel e do governador Ratinho Junior neste momento.  Daniel Slaviero esteve em reunião com o governo no dia 18 de março, às 16h00. Se este encontro não serviu para delimitar ações de contenção, para que era a reunião? O povo do Paraná é o maior acionista da empresa de energia, com a maioria das ações de votantes, e está fazendo um grande sacrifício para superar o coronavírus. Em nome deste povo, exigimos medidas que de fato inibam a contaminação dos copelianos, seus familiares e dos paranaenses. Temos observado as infecções e mortes crescerem em velocidade geométrica. Estamos a caminho do pico e a Copel pagando pra ver, em um verdadeiro apagão de responsabilidade social.

Reafirmamos as medidas necessárias para que a Copel não seja um polo de transmissão da infecção à população: 

  • Reduzir jornada de trabalho dos colaboradores em atividades em que não é possível o teletrabalho
  • Adotar teletrabalho para todas as funções, principalmente de pais de menores de idade e empregados com pessoas no grupo de risco da família
  • Fornecer kits de higiene a funcionários e colaboradores
  • Suspender atividades que não sejam consideradas essenciais
  • Suspender a leitura de energia realizada por empregados e terceiros
  • Restringir manutenções do sistema elétrico ao estritamente necessário
  • Custear exames de funcionários ou familiares com suspeita de coronavírus
  • Conceder licença para gestantes e funcionários acima dos 60 anos
  • Divulgar material impresso e online com medidas de prevenção para os copelianos
  • Divulgar material impresso e online com medidas de prevenção para a população
  • Cancelar eventos, reuniões ou atividades com mais de 50 pessoas
  • Criar Grupo de Trabalho com dirigentes da empresa, sindicatos e profissionais de medicina para monitorar casos na empresa e adotar  novas medidas de prevenção
  • Adotar medidas de teletrabalho ou redução de jornada para terceiros
  • Fechar a portaria de todas unidades para público externo
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