Agosto, um mês simbólico para a Copel

História da empresa se escreve com muita luta, vitórias e recentes derrotas

Foto: Manoel Ramires/Senge-PR
Comunicação
23.AGO.2023

Por Sérgio Inácio Gomes*

No dia 1º de agosto de 1956, a Copel assumiu pela primeira vez o serviço de distribuição de energia de um município que à época tinha apenas 9 anos de fundação oficial: Maringá, um centro urbano que apresentava um rápido crescimento demográfico e que, com o apoio estratégico da Copel viria a apresentar um desenvolvimento agroindustrial promissor  

Foi também no mês agosto que aconteceria a chamada “batalha da Copel”, dessa vez no ano de 2001, ocasião em que, apesar da campanha publicitária e ideológica propagada ao longo de anos pela mídia comercial nada menos que 93% do povo do Paraná rejeitava a proposta de privatização da empresa tão desejada pelo então governador Jaime Lerner. Diversos detalhes da cronologia desse mesmo mês de agosto de 2001 constitui justamente o tema do livro documentário A COPEL É NOSSA.

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No dia 15 de agosto de 2017, aniversário de 16 anos após a histórica ocupação da Assembleia legislativa do Paraná pelos estudantes em protesto contra a privatização da Copel, a mesma empresa fazia o enchimento do reservatório da Usina Hidrelétrica de Colider, no Estado do Mato Grosso, bem longe do território paranaense, tornando-se uma empresa do “mercado”, sem território que identifica sua área e propósito de atuação para o qual a empresa foi planejada e caracterizada em sua origem.

Em agosto de 2019, a Copel anunciou por meio de um comunicado aos acionistas e ao mercado financeiro, a contratação do Banco Rothschild, para atuar como assessor financeiro, e do escritório de advocacia Cescon Barrieu, para atuar como assessor jurídico. Na pauta, a privatização da Copel Telecom. Ambas contratações ocorreram por dispensa de licitação, onerando a estatal em R$ 3,7 milhões e se justificavam com o objetivo de auxiliar a empresa nas próximas etapas de estudos nas questões pertinentes.

Foi também no dia 10 de agosto de 2020, que a Sercomtel, foi privatizada sendo adquirida pelo Fundo de Investimento Bordeux, o mesmo Fundo que compraria a Copel Telecom dois meses depois. Importante considerar que a Copel adquiriu 45% das ações da Sercomtel em 1998 por R$ 186 milhões à época e foi colocada à venda 22 anos depois por apenas 13 milhões, muito embora houve um ágio de 900%. Quem responde por tal negócio sem compromisso com o interesse público?

Pra finalizar o mês cabalístico de agosto com a Copel, foi no dia 8 deste mesmo mês, agora em 2023, que a Copel foi vergonhosamente privatizada diante de um processo político em que, tanto o governo estadual quanto o governo federal mostraram-se coniventes ou omissos. Nem de toda luta de resistência de muitos companheiros e muitas companheiras contra a entrega desse valioso e histórico patrimônio público do povo paranaense e do povo brasileiro foi suficiente para barrar a venda da empresa. O mesmo mês de agosto em que ocorre um grande apagão na recém-privatizada Eletrobrás, principal operadora do sistema elétrico brasileiro.

Que nos preparemos para novos apagões que certamente ocorrerão sem guardar nenhuma relação cabalística, a exemplo daquela que se verificou, por mera coincidência ou não, entre o mês de agosto e a história de lutas e conquistas na defesa da Copel pública. A COPEL É NOSSA. Não nos esqueceremos.

Foto: Assessoria Alep

(*) Professor de Engenharia Elétrica do Campus Paranavaí do IFPR, Engenheiro eletricista, Doutor em Eng. Química, Diretor do Sindicato dos Engenheiros (SENGE/PR).

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