Lutar pela ampliação de direitos trabalhistas e igualdade de gênero com a inclusão dos futuros engenheiros

Senge Paraná
29.ABR.2015

No segundo dia da Semana do Jovem Engenheiro, nesta terça-feira (28) em Foz do Iguaçu, os mais de 400 participantes do evento puderam conhecer um pouco sobre a atuação do Senge-PR defesa dos direitos dos profissionais de engenharia, agronomia e geociências. A Semana do Jovem Engenheiro é promovida pelo Senge e Senge Jovem com apoio da Uniamérica, da Associação Atlética UDC, do Crea-PR e da União Paranaense de Estudantes (UPE).

Apresentando uma síntese da atuação do sindicato nos seus 80 anos de história de defesa dos engenheiros e da sociedade, o presidente da entidade, Carlos Roberto Bittencourt ressaltou a responsabilidade da entidade na luta corporativa. “A atribuição por lei do sindicato é representar os profissionais de sua área de atuação na defesa dos seus interesses trabalhistas, lutando pela ampliação e efetivação dos seus direitos e atuando nas negociações coletivas de trabalho”.

Carlos Roberto Bittencourt, presidente do Senge-PR.
Carlos Roberto Bittencourt, presidente do Senge-PR.

Ao comentar sobre a o extenso processo de negociações e dos esforços do sindicato na luta pela garantia e ampliação de direitos, apontou sobre a importância do fortalecimento do Sindicato com a união dos seus representados no enfrentamento com as empresas durante as discussões de acordos coletivos, que podem tomar proporções que vão além da mesa de negociação, como manifestações e movimentos grevistas.

Dos movimentos grevistas recentes, Bittencourt tomou como exemplo as paralisações dos engenheiros da Sanepar, que em 2013 cruzaram os braços por um plano de carreira, e dos engenheiros e arquitetos da Cohab-CT, no mesmo ano buscaram e conquistaram a equiparação salarial com outros quadros da administração municipal de Curitiba.

Outra bandeira de luta corporativa destacada pelo presidente do Senge é o da aplicação do piso profissional dos engenheiros, previsto pela Lei Federal 4.950-A/66. “O piso garantido pior lei é uma conquista dos profissionais de todas a modalidades de engenharia, e defendemos a aplicação e respeito a esse direito. Todos os celetistas têm por direito o piso. Já no serviço público, no regime estatutário, não há uma obrigação legal. Mas o Senge briga da mesma forma para que seja aplicado o piso também no serviço público, e em algumas medidas temos acumulado vitória, como com a anulação de alguns concursos de empresas públicas que ofereciam salários abaixo do piso”.

Afora os trabalhos da entidade nas negociações salariais, diariamente o Sindicato atua no atendimento às questões pontuais dos profissionais associados que buscam assessoria jurídica gratuita, serviços de convênio com planos de saúde e odontológico e acompanhamento em homologações de rescisões contratuais.

 

Lutar pela ampliação dos espaços de poder pelas mulheres também é uma questão de classe

Apesar de maioria na sociedade, com 51,5% da população, segundo dados do IBGE, e de ser o maior eleitorado brasileiro, com 52,1% do total de votantes, as mulheres ainda continuam sub-representadas nos espaços eletivos. Alertou a diretora do Senge-PR e integrante do Coletivo de Mulheres da Federação de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), Sandra Cristina, nesta quarta-feira (28) na Semana do Jovem Engenheiro, em Foz do Iguaçu.

No cenário político atual, o preenchimento dos cargos eletivos não tem representado a amplitude da participação das mulheres enquanto maioria dos eleitores. Em âmbito federal, no senado, de acordo com Sandra, as mulheres representam apenas 16% do numero de parlamentares. Na Câmara dos Deputados, a participação aumento não muito expressivamente, representando 16% , no total de deputados, porém, despenca a participação no numero de deputados federais eleitos pelo Paraná, representando as mulheres apenas 5,6%.

Para Sandra, há uma questão de gênero a ser resolvida nos mais diversos espaços da sociedade, com o aumento da participação feminina não apenas na política, mas sobretudo no mercado de trabalho, em postos de comando e com salários e oportunidades no mínimo similares aos dos homens.

Diretora do Senge, Sandra Crhistina.
Diretora do Senge, Sandra Cristina.

“ As mulheres tem acessado mais as vagas de curso superior, mas tem maior dificuldade de adentrarem no mercado de trabalho privado, especialmente na engenharia. E quando entram, são pouquíssimas as que conseguem ascender cargos de chefia, como se não bastasse o fato de em media receberam salários 20% menores que os dos engenheiros, mesmo tendo mais anos de estudo em média do que os homens”.

A participação sindical e a inserção do tema em eventos como a Semana do Jovem Engenheiro, segundo a diretora do Senge são estratégias fundamentais na luta pela igualdade de direitos no mercado de trabalho, nos espaços políticos e contra a discriminação de gênero.

“ Há uma fragilização das mulheres ao ingressarem no mercado de trabalho, cuja disputa de forma individual. Por isso ‘e fundamental a união das mulheres junto aos sindicatos e coletivos para que essa forma seja ampliada, e que direitos sejam conquistados, como em algumas negociações em que as mulheres, unidade no Senge, conquistam avanços nos acordos e convenções coletivas. Por outro lado, também são fundamentais eventos como esse que conseguem trazer e envolver os estudantes nos debates sobre questões candentes como soberania, gênero, sindicalismo, desenvolvimento social e outros temas, fundamentais para a engenharia, para o mercado de trabalho e para igualdade de direitos”.

Um exemplo da integração e união das engenheiras junto ao movimento sindical ‘apontado por Sandra é o Coletivo Sindical de Mulheres da Fisenge e o do Senge-PR, iniciado na atual gestão, que promovem campanhas informativas como a contra violência às mulheres e pela ocupação de espaços de poder, que firma parcerias com outros movimentos de mulheres e realiza eventos como o Seminário de Assédio Moral, promovido pelo Senge em marco deste ano, e o Cinedebate: genero em Foco, uma mostra de filmes com debates sobre diversos temas relativos a participação das mulheres na sociedade.

 

Atuação Senge Jovem na integração dos estudantes de engenharia

Preocupar-se com a conscientização político-sindical não apenas quando o engenheiro já está graduado e no mercado de trabalho, mas também durante seu seu estágio de formação. É sob esta motivação que nasce e se consolida o Senge Jovem, iniciativa do Sindicato para dar suporte à qualificação profissional e inclusão dos estudantes de todas as áreas da engenharia em prol da valorização profissional e da participação sindical na transformação democrática e progressista da sociedade.

“O Senge Jovem surge sob orientação de compreender o estudante enquanto um engenheiro em formação. Antes a luta começava apenas quando o engenheiro já estava formado, num momento de enorme preocupação com o ingresso no mercado de trabalho, no início de uma carreira e de inúmeros outros empreendimentos, e não nos atentamos à importância da participação sindical, na defesa da profissão e do nosso papel na sociedade. Foi por isso que refletimos e definimos que o Senge deveria estar presente desde a faculdade, para cumprir esse papel de conscientizar”, explica o diretor do sindicato e coordenador do Senge Jovem, Cícero Martins Júnior, durante apresentação do projeto aos participantes da Semana do Jovem Engenheiro.

Coordenador do Senge Jovem e diretor do Sindicato, Cícero Martins
Coordenador do Senge Jovem e diretor do Sindicato, Cícero Martins

De acordo com Cícero, um dos objetivos do projeto é o de levar aos futuros profissionais de engenharia o debate sobre importância da defesa corporativa dos engenheiros, da união da categoria, mas sobretudo enquanto um cidadão, que de maneira coletiva, pode propor mudanças positivas na sociedade. “Além da união é fundamental que tenhamos um propósito, e o Sindicato e o Senge Jovem está aí para nos dar esse norte, da defesa dos profissionais, da engenharia e principalmente da defesa de uma sociedade mais justa, democrática e desenvolvida, como propostas ligadas, interdependente”.

Criado em abril de 2013, o projeto é estruturado em seis vertentes: Espaço Senge Jovem, de filiação gratuita ao Sindicato como sócio aspirante; Engenharia Solidária, para o desenvolvimento de projetos de suporte social em convênio com as universidades; Militante em Formação, de integração dos estudantes à atividade sindical com ênfase à importância da representatividade para o exercício profissional; Banco de Estágios, para a inserção no mercado de trabalho; Ciclo de Eventos, Cursos e Palestras, com certificação para o suporte na formação profissional e Redes de Informação, com a criação de um portal para o compartilhamento de conhecimento, agendas e dados sobre a vida profissional.

Com pouco mais de dois anos de existência, conforme apontou o diretor do Sindicato, o Senge Jovem já conta com mais de 800 associados, e uma série de ações como a realização de eventos de formação e debates, palestras sobre mercado de trabalho, e ações de cunho social, como produção de projetos de reforma de mais de 100 casas no Acampamento Contestado, tema de reportagem na edição atual da Revista Diferencial, publicação do Senge-PR, e suporte à elaboração de projetos e acompanhamento das obras de construção de moradias para as 350 famílias que vivem na ocupação Nova Primavera, na Cidade Industrial de Curitiba.

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