Protesto aponta incertezas e riscos da privatização da Copel

TCU ainda não deu parecer sobre bônus de outorga e venda pode ser melada

O Governador Ratinho Junior e o presidente da Copel Daniel Pimentel Slaviero dão como certas a privatização da Copel. Mas o negócio está cheio de incertezas e pode tanto não se concretizar quanto ser anulado antes ou depois do leilão de ações. É o que apontam a Frente Parlamentar em Defesa das Empresas Estatais  e a Frente Popular e Democrática em Defesa da COPEL PÚBLICA que se manifestaram em frente à empresa, no Km3, na sexta-feira (28). Inclusive com o Ministério Público acionando o Tribunal de Contas da União para interromper o processo de privatização da COPEL.

No protesto, o presidente do Senge-PR Leandro Grassmann destacou que a privatização é um mau negócio para quem vende, o Governo do Paraná, e também para quem pretende se candidatar a comprar ações a partir da abertura de oferta a partir de 10 de agosto. 

“Está claro que o Governo do Paraná e a Copel estão atropelando os processos para vender a empresa a qualquer custo. Inclusive com vazamentos suspeitos na imprensa. E a oferta, antes de parecer do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e do Tribunal de Contas da União (TCU) é um claro desrespeito aos ritos legais que podem e devem ser impedidos ou revertidos na justiça. E quem vai querer comprar uma ação que pode não ser referendada?”, questiona o presidente.

Presente à manifestação, o deputado federal Tadeu Veneri (PT) listou uma série de irregularidades apontadas na CPI da Copel, há duas décadas, e levantou suspeitas sobre o processo atual, principalmente porque ele está espelhado na venda investigada da Eletrobras. Segundo o deputado, não tem lógica o governador Ratinho Junior vender a companhia.

“A venda da Copel e das três principais geradoras de energia não passa de um grande jogo para que façamos mudanças no sistema energético brasileiro, vendendo as companhias no Paraná, Eletrobras, Cemig, e nós estaremos nas mãos de um monopólio privado”, alertou o deputado. 

Carta pública

O evento também contou com a leitura da Carta Pública promovida por entidades, sindicatos e parlamentares. Ela será entregue ao presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Ademar Traiano (PSD), no próximo dia 1 de agosto. O documento denuncia quais serão os prejuízos à população paranaense caso a privatização se concretize.

“Não se sustenta, o argumento surrado de que com a privatização, haveria “melhoria de eficiência operacional”, pois a COPEL é referência nacional, mesmo com as menores tarifas, por estarem nossas hidrelétricas quase amortizadas. O governo tenta desesperado doar por R$ 3,5 bilhões a COPEL, empresa estatal que lucra 5 bilhões por ano, desrespeitando inclusive ao STF e o TCU que estudam o caso”, diz a carta.

MP pede suspensão da venda

De acordo com a Carta Capital, o subprocurador Lucas Rocha Furtado, do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, protocolou na Corte uma representação para reivindicar a interrupção da oferta de privatização da Copel. “Quando situações como esta ocorrem – demonstrando vulnerabilidade ao risco no curto prazo de empresas negociadas – , pode haver desprestígio no mercado de ações do País”, argumentou.

Já o ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira afirmou, segundo o Poder360, que o formato da venda foi injusto e fruto de uma política entreguista. “Não há como o brasileiro não reconhecer o dano e o crime de lesa-pátria que foi o modelo de privatização da Eletrobras. É fácil de explicar isso: nós temos hoje acionistas que têm menos de 10% da empresa, mas que têm o controle da empresa. O povo brasileiro [governo] tem 44% da empresa e não tem nem representatividade no conselho. Uma desproporcionalidade gravíssima”, disse o ministro.

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