Defesa da Petrobras é necessária à soberania e ao desenvolvimento

Senge Paraná
02.OUT.2015

“Muito já se ouviu falar que empresas públicas brasileiras não são eficientes, que são cabides de empregos e que precisam ser privatizadas para poder ter melhor gerenciamento. Foi assim no setor elétrico e agora a história se repete em relação à Petrobras. Isso é uma grande mentira propagada em nome do interesse do capital”. A afirmação, do diretor do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR) e da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), Ulisses Kaniak, serve de alerta para o momento em que o Brasil vê uma suas principais empresas sendo alvo de ataques consecutivos.

Kaniak palestrou nesta sexta-feira, 2, na abertura do seminário estadual “Soberania e Desenvolvimento – Energia, Educação, Saúde e Indústria, evento promovido pela Plataforma Operária e Camponesa para Energia que acontece em Curitiba até sábado. Na sua apresentação, o engenheiro eletricista da Companhia Paranaense de Energia (Copel), ex-presidente do Senge-PR e atual diretor do sindicato e também da Fisenge, fez um resgate histórico da atuação da Copel até a tentativa de privatização da empresa, que acabou sendo barrada pela reação da sociedade organizada paranaense.

O diretor do Senge-PR e da Fisenge, engenheiro eletricista Ulisses Kaniak, e o coordenador nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Gilberto Cervinski.
O diretor do Senge-PR e da Fisenge, engenheiro eletricista Ulisses Kaniak, e o coordenador nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Gilberto Cervinski.

“A Copel sempre foi o baluarte do desenvolvimento do Estado e, por conta disso, alvo do interesse privatista. Graças à mobilização da sociedade paranaense a empresa continuou pública, mas o estrago já estava feito a partir do marco regulatório, criado na ofensiva neoliberal pelas privatizações. Tudo feito em nome do lucro de empresas privadas que não estão preocupadas em atender bem o consumidor ou remunerar bem os trabalhadores, mas apenas em ganhar dinheiro”, observou.

Kaniak destacou ainda que outro grande passivo gerado pela onda de privatizações é o da terceirização de serviços. “No final da década de 90 a Copel tinha quase 10 mil empregados. Hoje são pouco mais de 8 mil os empregados diretos e 6 mil terceirizados, muitos deles atuando em atividades fim, como por exemplo, o trabalho de restabelecimento de energia. São trabalhadores que ganham menos, têm menos direitos e são expostos a condições de risco extremo no serviço. Esses funcionários morrem muito mais que outros. É a morte em nome do lucro. A luta contra a terceirização tem que ser assumida por todos os trabalhadores e cidadãos brasileiros”, conclamou o engenheiro.

Kaniak: "A luta contra a terceirização tem que ser assumida por todos os trabalhadores e cidadãos brasileiros."
Kaniak: “A luta contra a terceirização tem que ser assumida por todos os trabalhadores e cidadãos brasileiros.”

O futuro repete o passado – O coordenador nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Gilberto Cervinski, também compartilha da opinião de que a realidade pela qual passa hoje o Setor Elétrico brasileiro pode ser repetida no futuro no setor do petróleo.
“Se a Petrobras for fracionada vamos ter muito mais problemas para a sociedade brasileira. A riqueza em valores que a Petrobras produz por ano, da ordem de R$ 502 bilhões, é maior do que toda a produção agrícola nacional, que gira em torno de R$ 480 bilhões. A Petrobras representa 10% do Produto Interno Bruto do nosso País”, alertou.

Na opinião de Cerviski, o caminho das privatizações que teve início no setor de telefonia, seguido do elétrico não foi traçado por acaso. “São setores que dão lucro a baixo custo. A produção de energia hidrelétrica, por exemplo, não está a serviço do nosso País, já que atende em primeiro lugar as empresas que dominam o setor e depois as indústrias eletrointensivas, que extraem matéria-prima e são grandes consumidoras de energia comprada a preço de custo. A empresa Alcoa, por exemplo, extrai alumínio no Brasil, paga pouco pela energia e depois vende o alumínio ao preço de mercado. No Brasil temos 72 milhões de contas de luz. São os chamados consumidores residenciais. A classe trabalhadora que é onerada com a tarifa mais alta do mundo para sustentar o lucro dessas empresas multinacionais e transnacionais”.

O evento integra toda a sociedade em defesa do patrimônio e da soberania nacional.
O evento integra toda a sociedade em defesa do patrimônio e da soberania nacional.

Para o coordenador do MAB, a descoberta do Pré-Sal e o fato de a Petrobras ser a única empresa no mundo a ter tecnologia para explorar o petróleo nessas condições faz da empresa brasileira um alvo de interesse do capital mundial. “No setor elétrico eles primeiro privatizaram, depois oneraram o povo com altas tarifas, enquanto ofereceram energia a preço de custo aos exploradores. Em seguida criaram leis e agências controladoras que atuam em nome do capital privado com uma gestão inspirada no modelo da especulação financeira. Se privatizarem a Petrobras o gás de cozinha passará de R$ 100 o botijão, assim como o litro da gasolina e do diesel”, disse.

Voltar a Notícias