Copel aumentou em 292,85% a distribuição de lucros no primeiro ano da pandemia

Governos Beto Richa e Ratinho aumentaram em quase 1000% a distribuição dos dividendos

Política da Copel orientada por Ratinho maximiza os lucros. Foto: Jose Fernando Ogura/AEN
Comunicação
28.ABR.2022

EXCLUSIVO SENGE-PR

A pandemia de Covid-19 foi um baita negócio para a Copel. A empresa paranaense de energia de capital aberto distribuiu R$ 2,52 bilhões de lucro para seus acionistas. Isso representa aumento de 292,85% em relação ao mesmo período de 2019, quando foram distribuídos R$ 643 milhões. O aumento foi planejado pela gestão Daniel Slaviero Pimentel que alterou a forma de distribuição dos dividendos, privilegiando os acionistas privados, reduzindo a participação dos funcionários e aplicando reajustes acima da tarifa acima da inflação.

Os dados integram o relatório de dividendos e demonstrações financeiras e foram tabulados pelo DIEESE Paraná. Eles mostram que apenas nos últimos três anos (2019 a 2021) os rendimentos distribuídos ao mercado chegaram a quase 385%. Esses números foram possíveis graças ao aumento do lucro da companhia De lucro líquido, a Copel saltou de R$ 2,17 bilhões em 2019 para R$ 3,8 bilhões em 2021.  Com relação ao valor adicionado, passou de R$ 13,3 bilhões em 2018 para R$ 21,2 bilhões em 2021 (texto corrigido às 15h15).

Esse ganho só foi possível por causa do aumento da tarifa, como revela o DIEESE. “Quanto ao valor da tarifa média, verificou-se crescimento de 26,84%, entre 2017 e 2021, sendo um dos principais fatores que ocasionou o resultado positivo da empresa nos últimos anos, com aumentos expressivos da Receita Operacional Líquida e dos Lucros Operacional e Líquido”, anota o Departamento. De acordo com o relatório, “constatou-se existência de ganho real sobre o valor da tarifa da ordem de 1,90%”.

Dar lucro para o governo e mercado

Parte da inflação no Brasil e no Paraná são atribuídos a três fatores: aumento da luz, dos combustíveis e do transporte. E o Governo do Paraná, por meio da Copel, se beneficiou dessas altas. Como acionista majoritário, o estado se beneficiou de 68,6% (valor adicionado*) dos recursos da Copel em 2018. Estamos falando de R$ 9,1 bilhões. Nessa época, a fatia dos acionistas era de 10,8% (1,44 bilhão).

No entanto, com a pandemia, a Copel mudou a política de remuneração dos seus dividendos. Se de um lado o governo fica com a maior parte dos resultados, de outro, cada vez mais entrega dinheiro ao mercado, como avalia o DIEESE.

“2021, a distribuição do valor adicionado sofreu sensível mudança. O Governo continuou responsável pelo maior percentual da distribuição, embora tenha perdido 10,5 p.p. do total, caindo de 68,6% para 58,1% (R$ 12,339 bilhões). Já os acionistas ampliaram sua participação em 7,4 p.p., apropriando 18,2% (R$ 3,859 bilhões) do valor adicionado da empresa”, avalia o DIEESE. 

Análise dos indicadores operacionais da Copel – DIEESE

Os economistas ainda detectaram uma menor participação dos funcionários de 2018 para 2021. “Ao mesmo tempo em que o percentual do resultado apropriado pelos acionistas aumentou, dos funcionários reduziu, a ponto de a quantia distribuída para os acionistas ser 2,16 vezes superior àquela destinada aos trabalhadores (Pessoal), em 2021”, compara o estudo.

*ENTENDA O QUE É VALOR ADICIONADO
Valor adicionado é a “riqueza” que foi gerada pela empresa. Segundo o site Suno, “a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é o demonstrativo contábil que evidencia, de forma sucinta, o valor gerado por uma empresa em determinado período, bem como a sua distribuição entre todos aqueles que participaram de sua produção. Como o próprio nome sugere, a DVA mostra quanta “riqueza” foi adicionada no balanço da empresa entre uma data e outra.”

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