Esgotamento mental e físico reduzem produção no trabalho

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Comunicação
02.MAIO.2022

A jornada “casa, trabalho, casa” ganhou uma nova companhia com a pandemia de Covid-19. A necessidade de isolamento e a mudança na legislação trabalhista permitiram a adoção do trabalho remoto. Nesta condição, a casa vira o local de trabalho, o trabalho não acaba quando se está em casa. Isso aconteceu com 10% da população , segundo estudo da Ibre/FGV. Essa falta de separação pode ser fundamental para o aumento da Síndrome de Burnout. Tanto que a enfermidade entrou para a lista da Organização Mundial da Saúde e um levantamento mostrou que 44% dos entrevistados disseram estar mais esgotados profissionalmente durante a pandemia.

Diante disso, o Senge-PR firmou convênio com a IDEALCLIN – Espaço Multidisciplinar, que é uma clínica especializada em saúde mental e bem estar, além de realizar trabalho preventivo em empresas. É desta clínica que o sindicato entrevistou a psicóloga Vilma Grossl. Nesta conversa ela fala sobre a síndrome, seus sintomas e o perfil do público mais vulnerável ao esgotamento profissional.

SENGE-PR: As pessoas têm direito a se desconectar do trabalho? Qual é a importância disso?

Vilma Grossl:  Sim, as pessoas têm esse direito, desde que seja verificado algum tipo de prejuízo em seu rendimento, causado pelo ambiente de trabalho. A saber, a síndrome de Burnout entrou para classificação de doença ocupacional neste ano. Por isso, as empresas precisam atentar-se a isso e trabalhar a prevenção. 

SENGE-PR: Assédio Moral pode levar a pessoa a ter Síndrome de Burnout ou é equivocada essa relação?

Vilma Grossl: Assédio moral pode contribuir sim para o desenvolvimento da SB. Tudo que envolve o ambiente de trabalho e suas ligações.

SENGE-PR: Como se identificar que a pessoa está esgotada profissionalmente?

Vilma Grossl: A identificação do esgotamento se dá pelo próprio comportamento do indivíduo afetado, ou seja, ele se sente esgotado, apático, desmotivado, um nível alto de estresse, ausência de paciência, sintomas físicos, enfim, as famosas somatizações. Após é comum que as pessoas comecem a notar o comportamento do colega de trabalho e sua baixa produção ou modo automático.

SENGE-PR: Ainda há pouca informação e muito preconceito com relação ao Esgotamento profissional?

Vilma Grossl: Há muito preconceito com a maioria das nossas dificuldades, principalmente quando se trata do nosso emocional.

SENGE-PR:  O filósofo Byung-Chul Han, no livro A Sociedade do Cansaço, aborda bastante o assunto da individualidade e de como as pessoas são forçadas a produzir cada vez mais como receita de sucesso. Ele fala em uma “Ditadura da Positividade” que impede as pessoas de fracassarem ou assumirem que fracassam. Como você vê essa situação?

Vilma Grossl: A ditadura da positividade é uma coisa terrível. Muitas vezes passamos por dificuldades e não é possível ser positivo, afinal de contas, a tristeza e os fracassos fazem parte da vida, tanto quanto a alegria, devemos expressá-la sim, jamais reprimi-la, só assim podemos elaborar essa emoção e acomodá-la de forma saudável.

SENGE-PR: Nos EUA, as pessoas estão pedindo demissão durante o período da pandemia. O movimento é conhecido como “Grande renúncia” e envolve principalmente jovens. Esse é o recado dessa geração dizendo que o modelo atual de organização do trabalho não dá mais?

Vilma Grossl: O movimento nos EUA reflete uma situação nova, muitas pessoas nunca haviam trabalhado em home office. Isso mostra que há sim uma preferência por um tipo de trabalho menos desgastante, num ambiente melhor, e mostra consequentemente um descontentamento com o modelo atual, ainda é precoce para avaliar os impactos, mas algo já mudou, e as empresas devem buscar estratégias para lidar com isso.

SENGE-PR:  Atualmente, a Síndrome pode ser relacionada a uma faixa de idade, gênero ou tipo de trabalho desempenhado?

Vilma Grossl: A Síndrome acomete ambos os gêneros e idades, porém, há uma prevalência nas mulheres, o que pode estar relacionado com a tripla jornada de trabalho. 

SENGE-PR:  É correto diferenciar trabalhadores “braçais” de “mentais” como mais propensos a terem a síndrome?

Vilma Grossl: Não é correto diferenciar trabalhadores braçais dos mentais. Se expostos a condições de trabalho disfuncionais, ambos poderão desenvolver Burnout.

CONVÊNIOS

::. ASSOCIADOS AO SENGE-PR TEM 40% DE DESCONTO NA IDEALCLIN

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