Estamos esquecendo a lógica?

Senge Paraná
18.MAR.2015

Por Pablo Braga Machado*

Antes de tudo um aviso importante, talvez o que você vai ler aqui seja completamente diferente das informações que geralmente tem acesso através das mídias convencionais, mas peço que leia até o final. Não proponho aqui uma discussão acadêmica e nem um julgamento moral dos acontecimentos. Usarei apenas a boa e velha lógica.

Vale pontuar que manifestar alguma indignação sobre as ações deste ou daquele governo é absolutamente legítimo. Reivindicar direitos e melhorias também. O que não pode ser considerado legítimo é manifestar-se contra o direito de se manifestar. Ou seja, manifestar-se contra a democracia. Pedir com sua manifestação o fim de todas as outras. Embora beire o absurdo, foi exatamente isto o que ocorreu muitas vezes no último dia 15 de março.

Assistimos à manifestação dos que não querem mais ter o direito de se manifestar. Isso mesmo, embora difícil de compreender para quem quiser se utilizar da lógica. Alguns cartazes pediam por uma intervenção militar. Parece que alguns esqueceram ou nunca estudaram sobre a história do Brasil. Já passamos por isto e não foi nada bom. Com o apoio da CIA, os militares chegaram ao poder em 1964 e seguiram exatamente a cartilha de Washington. Muitos dos meios de comunicação que hoje manipulam certas informações são os mesmos que apoiaram a Ditadura Militar. Derrotamos este regime com muito sangue derramado.

Também com muita luta que se deu a criação da Petrobras. Os mesmo jornais que hoje fazem campanha para desestabilizá-la são os que foram contra a sua criação. Os derrotados naquele momento nunca desistiram de nosso petróleo. Sofreram um duro golpe quando recentemente foi aprovado o regime de partilha. Este alvoroço todo em relação à Petrobras tem como pano de fundo a briga por nosso petróleo. Não estou aqui afirmando que não exista corrupção, mas sim da utilização disto como arma política.

A Petrobras é a única empresa no mundo que possui suas reservas e produção continuamente aumentadas. O regime de partilha garante o monopólio do conhecimento da exploração e produção de petróleo em águas profundas. Estes fatos incomodam bastante suas principais concorrentes e por isso, visam enfraquecê-la para tentar privatizá-la e se isso não der certo, ao menos revogar o regime de partilha. O petróleo é um recurso estratégico na geopolítica mundial e isto não pode passar despercebido.

A manipulação midiática é incentivada pelos interesses da oligarquia financeira internacional e não é exclusividade do Brasil. Pode ser facilmente percebida ao nosso redor, exemplos não faltam. Vale citar o golpe “moderno” que o Paraguai sofreu no ano passado, a desestabilização forçada dos governos na Argentina e na Venezuela. Estas forças não suportam mais um governo que reparta de maneira um pouco menos desigual as riquezas nacionais e se aproveitam dos que se incomodam de ver os filhos das empregadas virando doutores ou andando de avião.

O sistemático afastamento das pessoas da política, através da demonização da mesma e a falta de interesse em se estudar história, vem dando os seus frutos. Não é de interesse da oligarquia financeira internacional que o povo se eduque. Quanto mais embaralhadas as informações melhor. Quanto mais confusão se fizer na cabeça das pessoas mais fácil para manipulá-las.

Desta maneira estamos vivendo uma espécie de sociedade “zumbi-papagaio” que apenas repete as informações que lhes são passadas sem nenhum tipo de contestação ou avaliação mais crítica, como se estivessem sendo hipnotizadas. Chega-se ao absurdo de se utilizar a bandeira do Brasil e vestir-se de verde e amarelo para na verdade representar os mais escusos interesses antinacionais e entreguistas. Chega-se também ao cúmulo de se pedir em manifestações que nenhuma outra manifestação aconteça. Isto indiscutivelmente não tem lógica.

*Pablo Braga Machado é engenheiro civil e diretor financeiro regional do Senge-PR (Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná) em Foz do Iguaçu

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