Privatização da Copel Telecom é questionada na Alep

Manutenção do ex-presidente Wendell de Oliveira na companhia pode ser alvo de investigação

Manifesto contra a privatização da Copel Telecom
Comunicação
15.SET.2021

A privatização da Copel Telecom é alvo de questionamento na Assembleia Legislativa do Paraná. Durante o pequeno expediente do dia 14 de setembro, foi manifestada a preocupação com a falta de transparência na privatização da empresa de internet. A venda da empresa de telecomunicações foi concluída no último mês de agosto, quando a Bordeaux Participações pagou R$ 2,5 bilhões pelos 100% de ações que pertenciam à Copel. Causou estranheza a deputados a informação da possível recondução ao cargo do atual presidente da Copel Telecom, Wendell Oliveira, responsável por todo o processo de venda.

O Soldado Fruet relembrou o histórico de crescimento da empresa: “Fundada em 1998, nasceu modesta, mas ao final do ano de 2018, a empresa já era uma gigante, com mais de 200 mil assinantes, 36 mil quilômetros de cabos de fibra; estava presente nos 399 municípios do Paraná e tinha um faturamento bilionário”. No início de 2019, após a posse, o governador Ratinho Junior anunciou a privatização da Copel Telecom. “A partir daí, a nova gestão da empresa mudou os planos de assinatura, aumentou o valor delas, e tomou decisões como se quisesse diminuir a empresa para justificar sua venda. Na época, denunciei isso em tribuna”, relatou.

Ainda em 2019, iniciou-se o processo de venda da Copel Telecom, “uma empresa gigante e saudável financeiramente que, acima de tudo, tinha uma função social de levar internet às cidades pequenas, aquelas onde, sem o incentivo estatal, a internet não chegaria porque não era viável economicamente”. O deputado recordou que o então presidente da Copel Telecom coordenou todo o processo de venda, “isso com assessoria de um banco de investimentos não tão conhecido no mercado brasileiro, o Rotschild, banco este escolhido à revelia de gigantes brasileiros muito mais aptos”. Uma decisão judicial chegou a suspender essa assessoria por um período.

INFORMAÇÕES PRIVILEGIADAS – “É claro que, como presidente da empresa, o senhor Wendell possuía todas as informações sobre a Telecom, informações privilegiadíssimas e que poderiam ser bastante úteis a qualquer dos concorrentes”, apontou o Soldado Fruet. Em 2019, o parlamentar questionou a nomeação de Wendell para a presidência da Copel Telecom por ser dono de uma empresa de consultoria em investimentos, o que poderia causas conflito de interesses, e também porque estava nomeado como síndico de uma massa falida, que exigiria dedicação exclusiva. “Claro que o governo silenciou quando questionei isso”, observou.

O Líder do PROS salientou que “qualquer empresa séria, que respeite seus acionistas, quando vendida, impõe quarentena a seus executivos como forma de evitar prejuízos ao comprador ou suscitar dúvidas quanto ao vazamento de informações privilegiadas”. Na avaliação do Soldado Fruet, “mesmo que nenhuma informação tenha vazado, é inaceitável que o condutor da privatização da Copel Telecom seja agora anunciado como novo presidente pelo comprador”. Para o deputado, “as dúvidas ficarão sempre no ar e um governo sério e transparente não pode admitir dúvidas na condução de seu governo”.

PROVIDÊNCIAS – Se confirmada a permanência do presidente da Copel Telecom, o Soldado Fruet pedirá abertura de investigação contra Wendell Oliveira e também uma devassa na venda da Copel Telecom. Conforme o parlamentar, a Lei 12.813 dispõe sobre conflitos de interesse na administração federal, mas promotores do Ministério Público do Paraná entendem ser aplicável às autoridades estaduais e municipais. O deputado também criticou a derrubada de pedidos de informações à Copel, contrariando o artigo 54, inciso 33, da Constituição Estadual, que garante o direito de requisitar informações às autoridades estaduais, já que a empresa integra o Orçamento Geral do Estado.

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