Uma semana depois da AGE, Copel não remarca

Negociação que se arrasta desde setembro. É a empresa em compasso de apagão

Foto: Rodrigo Félix Leal/AEn
Comunicação
18.NOV.2022

Hoje, 18 de novembro, completa uma semana do enterro da proposta da Copel para o ACT/2022. O sepultamento ocorreu após 95,18% dos Copelianos recusarem o fim do abono de férias, ausência de ganho real para as cláusulas financeiras, e as incertezas da privatização. A missa de sétimo dia aguarda que os prepostos da empresa ressuscitem com uma proposta que possa garantir avanços para os profissionais.

Antes do falecimento da primeira proposta, a negociação deste ano já andava em banho maria. A pauta foi protocolada em julho. De lá pra cá,  ocorreram quatro rodadas de negociação, ameaças de privatização, assembleia geral conjunta e rejeição histórica.

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JULHO

Pauta dos coletivos é protocolada. Entre os pedidos, pagamento do INPC acumulado no período de outubro de 2022 a setembro de 2023, acrescido de 5% (cinco por cento).

SETEMBRO

Anúncio de que a pauta de negociações seria aberta no dia 27 de setembro. A empresa teve praticamente dois meses para analisar as reivindicações dos funcionários. 

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Na primeira rodada de negociações, a mesa de negociação ficou restrita a empresa ler as pautas de reivindicações dos sindicatos. O método foi justificado como uma forma de a empresa entender quais são as demandas.

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OUTUBRO

Se a primeira rodada aconteceu no fim de setembro, a segunda rodada de negociações ocorreu entre 10 e 11 de outubro. Nessa data a empresa ofereceu a primeira carta de garantia da data-base com extensão até o fim do mês. 

A empresa aceitou as solicitações relativas à abrangência, pagamento, penosidade, insalubridade e assistência jurídica. Também ficou acertada a manutenção da assistência jurídica e do patrocínio à Fundação Copel. Por outro lado, a empresa não tinha proposta para o plano de carreira e apresentou desculpas. O último dia da segunda rodada de negociações do ACT 2022 foi marcado por muitas apresentações e justificativas da Companhia e por praticamente nenhum avanço quanto às pautas protocoladas. As demandas dos Copelianos e os argumentos dos sindicatos parecem não sensibilizar.

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O BODE NA SALA

Outubro foi um mês movimentado na negociação. Se de um lado o governador Ratinho Júnior estava reeleito, de outro, sinalizou com a possibilidade de privatizar a Copel. O assunto não foi tratado na campanha eleitoral, promovendo uma alta nas ações e fazendo com que a direção publicasse um Fato Relevante.

Para dentro da negociação, o bode na sala era a tentativa da empresa em mudar o formato de pagamento do PLR. Proposta que nem foi levada pra assembleia. Essa medida acabaria com a linearidade, prejudicando os menores salários. Com relação à garantia da data-base, ela foi dada até o fim do mês apenas.

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Outubro ainda reservava mais uma decepção com a empresa que se orgulha de bater recordes de lucros enquanto demite seus qualificados funcionários. Em sua proposta relativa à pauta financeira. A empresa queria que o abono fosse extinto ao longo do tempo. Também foi sinalizada a intenção de retomar a negociação pela retirada do terço de férias adicional. A companhia queria a substituição do direito por outro benefício. A proposta foi questionada pelos sindicatos, que apresentaram alternativas de conciliação e ganho real.

Copel apresenta parte da proposta financeira e sindicatos defendem ganho real

NOVEMBRO

Chegamos a novembro para a quarta rodada de negociação com os sindicatos pressionando por ganho real. Neste período, a empresa renovou a Carta de Garantia de Data-base. Em disputa, estava Repartição do PLR, Abono, Reajuste com ganho real e Terço de férias.

Foi neste período que os sindicatos cobraram um posicionamento mais transparente da empresa sobre a ameaça de privatização e alegaram que não teriam condições de seguir negociando se não fosse detalhada a proposta e garantido os empregos. 

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HORA DE VOTAR

Após quatro rodadas de negociações, e mesmo sem reais garantias quanto à possível venda da empresa, ameaças de perdas de direitos e privatização, os sindicatos decidiram deliberar conjuntamente com a categoria. Os coletivos sindicais – CSMEC e CSEC – agendaram uma transmissão ao vivo na quarta-feira, 09/11, às 18 horas. O evento serviu para mobilizar os Copelianos a votar e a decisão saiu dois dias depois.

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“Em votação histórica, 95,18% dos Copelianos dizem não à proposta de Daniel Pimentel”. Essa era a chamada da matéria do dia 11 de novembro. O texto mostrava a insatisfação da categoria com o longo período entre a entrega da pauta, lá em julho, e a proposta que não trazia avanços.

“Uma Copel, duas posturas. Essa é a empresa comandada pelo senhor Daniel Pimentel Slaviero. Para os acionistas, sorrisos e dividendos, para os funcionários, cara feia e aperto. Essa escolha se refletiu na proposta de ACT Copel 2022/2024 e teve sua resposta nas urnas. Em votação histórica, em que mais de 4,8 mil empregados votaram (86,18% dos votos possíveis), 95,18% disseram não à minuta encaminhada pela Copel. Um total de 4578 votos no “NÃO”. A empresa já foi comunicada da decisão da categoria”.

Em votação histórica, 95,18% de copelianos dizem não a proposta de Daniel Pimentel

COMPASSO DE ESPERA

Missa de sétimo dia? Hoje, 18 de novembro, completa uma semana do “NÃO” que os trabalhadores deram à direção da Copel. Agora, após manifestações nas ruas e nas redes sociais, os coletivos sindicais estão solicitando que a empresa volte à mesa de negociação para uma quinta rodada e que, desta vez, nasça um compromisso que realmente valorize os funcionários.

As entidades que compõem o Coletivo Sindical da Copel estão acompanhando e pressionando para que uma nova rodada de negociação seja agendada. Caso a empresa não se manifeste, as medidas legais cabíveis serão tomadas para retomar a negociação.

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