11º Congresso Nacional de Sindicato de Engenheiros debate defesa da engenharia nacional e do Brasil

Senge Paraná
07.SET.2017

O 11º Congresso Nacional de Sindicatos de Engenheiros (Consenge) começou na noite desta quarta-feira (6). O evento está sendo realizado no Hotel Bourbon, em Curitiba, e vai até o 9, quando deverão ser eleitos os novos representantes da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge).

O congresso traz o tema “Resistir! Em defesa da engenharia nacional e do Brasil” e visa orientar a atuação da Federação e seus sindicatos sobre temas sociais de interesse nacional. Nesta edição, o Consenge irá abordar dois temais principais: “Proteção social e do trabalho” e “O desenvolvimento e a Soberania Nacional”.

Participaram da abertura do 11º CONSENGE o presidente da Fisenge e vice do SENGE Rio, o engenheiro civil e sanitarista Clovis Francisco do Nascimento Filho, o engenheiro agrônomo e presidente do Senge-Paraná, Carlos Roberto Bittencourt, o deputado estadual e engenheiro agrônomo Rasca Rodrigues, o presidente da Mútua Nacional, Paulo Guimarães, o diretor regional das Américas do ramo profissional da Uni Global Union, André Luís Rodrigues, a presidenta da CUT-Paraná, Regina Cruz, o diretor financeiro do Crea-Paraná, Leandro Grassmann.

11º CONGRESSO NACIONAL DE SINDICATOS DE ENGENHEIROS

O presidente da Fisenge, Clovis Nascimento, destaca que realizar, hoje, o Congresso em Curitiba é um ato de resistência. O engenheiro avalia que “o Brasil vive uma crise política sem precedentes na História. De 2014 a 2017, triênio desta gestão, vivenciamos um golpe parlamentar midiático ao mandato da presidenta Dilma Rousseff, democraticamente eleita com mais de 54 milhões de votos da população brasileira”.

“Um ano após o golpe, o que mudou?”, questionou Clovis. “A vida piorou, e muito. Michel Temer anunciou a privatização criminosa do Sistema Eletrobras, já admitindo o aumento das tarifas. Ele também quer entregar a Amazônia, a Petrobras, o Banco do Brasil, os Correios, a Empresa Brasil de Comunicação e as empresas públicas de saneamento. Praticamente nada restará de patrimônio público no nosso país”, analisa.

11º CONGRESSO NACIONAL DE SINDICATOS DE ENGENHEIROS

O anfitrião e presidente do Senge Paraná, Carlos Bittencourt, comparou o contexto atual com o vivido pelo Brasil há 20 anos, quando o Paraná recebeu o 4º Consenge. Segundo o engenheiro agrônomo, o roteiro usado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso para promover a privatização se repete hoje, no governo Temer. “Assim como ocorre agora, naquele período várias empresas públicas foram sendo desmontadas, com as contas levadas ao vermelho para que o prejuízo, mais tarde, servisse de argumento para a privatização. O que vemos é a repetição da história e o retorno de projeto de país que não deu certo. O contexto é outro, mas o que se repete de maneira contundente é a sanha de setores políticos e financeiros em entregar a riqueza brasileira aos interesses privados e internacionais”, avalia.

>> Leia também: “Paraná recebe Congresso Nacional de Sindicatos de Engenheiros pela segunda vez na história”

 

O diretor financeiro do Crea-Paraná, Leandro Grassmann, saudou a todo os participantes e desejou que os resultados do congresso contribuam para o avanço da categoria.

11º CONGRESSO NACIONAL DE SINDICATOS DE ENGENHEIROS

A presidenta da CUT Rio Grande do Sul, Regina Cruz, lembrou que o dia 7 de setembro marca o início da Campanha da CUT para anular reforma trabalhista. A Central precisará arrecadar 1,3 milhão de assinaturas para que projeto popular vá ao Congresso. Para participar, acesse: anulareforma.cut.org.br

11º CONGRESSO NACIONAL DE SINDICATOS DE ENGENHEIROS

O diretor regional das Américas do ramo profissional da Uni Global Union, André Luís Rodrigues destacou o número de mulheres presentes no congresso. “Me alegra muito ver o número expressivo do gênero feminino presente nesta sala. É fundamental, é estratégico. A UNI tem como política garantir pelo menos 40% de um dos gêneros nos espaços de decisão. É uma forma de intensificar a participação da mulher trabalhadora”, afirmou. O diretor da Uni Global Union parabenizou a Fisenge e os Senges pelo trabalho e organização de jovens e estudantes, por considerar esse público estratégico.

11º CONGRESSO NACIONAL DE SINDICATOS DE ENGENHEIROS

O presidente da Mútua Nacional, Paulo Guimarães, acredita que o congresso trará resultados significativos para a luta em defesa da soberania do país.

11º CONGRESSO NACIONAL DE SINDICATOS DE ENGENHEIROS

Para o engenheiro agrônomo e Deputado Estadual do Paraná, Rasca Rodrigues, “o país está hoje sendo entregue. Precisamos mudar esse rumo e trazer, de novo, a chama da esperança para o povo brasileiro. O combustível ainda está fervendo e presente na juventude. Porque se alguns faróis apagaram, cabe a nós iluminar novos”.

Celeiro do mundo

“Soberania, desenvolvimento e o papel do Estado brasileiro” é o tema da palestra magna do 11º Congresso Nacional de Sindicatos de Engenheiro (Consenge) ministrada pelo senador Roberto Requião.

Durante o evento, Requião afirmou que a Reforma Trabalhista, proposta por Temer, significa a precarização absoluta da mão de obra. O senador afirmou que, ao propor tais medidas, o atual governo imaginou que o Brasil receberia investimento norte-americano afim de se utilizar de uma mão de obra semiescravizada. Os formuladores dessa reforma apostaram, também, na ideia de que a oportunidade de trabalho extraordinariamente mal remunerada conteria a possibilidade de revolta das camadas populares.

Contudo, o senador acredita que o Brasil viveu um período de conquistas sociais e que os trabalhadores jamais se conformarão com uma regressão para uma posição de colônia.

21272658_1543848662348958_7550033213001026667_n

“Quando nos transformamos em “celeiro do mundo”, não estamos viabilizando os empregos necessários para conseguirmos uma relativa paz social para sobrevivência dos trabalhadores, das suas famílias e garantia de seus salários”, disse.

Participação

Estão participando do congresso quase 300 participantes de todo o Brasil. Sendo 200 delegados, 39 estudantes, 34 observadores e 18 convidados.

11º CONGRESSO NACIONAL DE SINDICATOS DE ENGENHEIROS

Este é o Consenge com o maior número de mulheres da história. São mais de 80, entre delegadas, observadoras e estudantes. “Sabemos que a História é hegemonicamente machista e promove o apagamento de mulheres. Nós estamos construindo uma outra história, uma história inclusiva, que estampa em suas publicações os rostos, as fotos e as narrativas das mulheres e de suas lutas”, avaliou o presidente da federação Clovis Nascimento.

O encontro conta com a participação de 39 estudantes. Durante os dias do evento será realizado o II Fórum, que irá eleger a primeira Coordenação do Coletivo Nacional de Estudantes da Fisenge.

Eugênia vira livro

Nesse primeiro dia do encontro foi lançado o primeiro compêndio “Histórias da Engenheira Eugênia”, que reúne a trajetória da personagem protagonista das histórias em quadrinhos, publicadas desde 2013 pela Fisenge.

11º CONGRESSO NACIONAL DE SINDICATOS DE ENGENHEIROS

“Queremos nossas histórias, nossa memória e nossas lutas nos meios de comunicação. Queremos o nosso protagonismo”, disse a diretora do Coletivo de Mulheres da Fisenge, Simone Baia. O livro tem o objetivo de afirmar a importância da organização das trabalhadoras e dos trabalhadores e do empoderamento das mulheres.

Proteção Social do Trabalho

Na manhã desta quinta-feira (7), os participantes debaterão o tema: “Proteção Social e do Trabalho”, que contará com a participação da socióloga e pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, Maria Rosa Lombardi e o professor da Unicamp e ex-presidente do IPEA, Marcio Pochmann.

A palestra “O desenvolvimento e a soberania nacional”, que acontecerá no dia 8, será ministrada pelo professor e historiador, Valter Pomar e pelo embaixador e ex-secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães.

>> As palestras serão transmitidas ao vivo, via streaming, pela página do Facebook da Fisenge.

>> A programação completa está no site: http://www.consenge.org.br

Texto: Katarine Flor

Edição: Ednubia Ghis

Fotos: Joka Madruga/Fisenge

Voltar a Notícias