Lula pode travar privatizações de Ratinho Junior

Governador do Paraná quer vender ações da Copel e Compagas

Presidente disse que privatizações serão travadas em seu governo. Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE
Comunicação
14.DEZ.2022

O presidente Lula mandou o recado: “Vai acabar privatização nesse país. Já privatizaram quase tudo. Estrangeiro, não venha aqui comprar empresas públicas porque elas não estão à venda”. A mensagem tem como alvo não apenas as empresas nacionais, mas também as estaduais, como a Copel e A Compagás. Companhias que estão à beira de serem vendidas pelo governador bolsonarista Ratinho Junior.

Ao aprovar a privatização da companhia de energia, Ratinho Junior tentou limitar em 10% as ações por um grupo. Todavia, o BNDESPAR, cujo presidente será Aloísio Mercadante, detém 12,5% das ações e não pretende se desfazer delas, de acordo com a mensagem de Lula.

Tanto que o deputado Arilson Chiorato (PT), líder da oposição na Alep, esteve reunido com assessores do Ministro Bruno Dantas, Presidente do Tribunal de Contas da União (TCU). O deputado solicitou acesso aos documentos da privatização da Copel e protocolou uma representação. Ele aguarda o resultado para fundamentar a defesa da empresa que é um orgulho do povo do Paraná e que, no entanto, está sendo privatizada dessa forma, sem sequer uma justificativa racional, econômica ou financeira.

A privatização da Copel é de alto risco para a população e para a soberania nacional. Principalmente porque o governo atual deixou uma conta salgada para os consumidores pagarem, segundo a equipe de transição. 

“Nós ficamos meio assustados com o diagnóstico que encontramos no setor, sobretudo no setor elétrico. Nós vimos uma série de ações feitas por esse governo vai que deixar uma herança para os próximos governos, muito grande, herança ruim, que terá que ser paga pelo consumidor de enérgica elétrica. Tentamos somar todo esse custo que vai ficar para ser pago nos próximos anos e essa soma atinge R$ 500 bilhões”, revelou.

Mauricio Tolmasquim, coordenador executivo do GT de Minas e Energia.

A conta já havia sido alertada pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR). De acordo com Ronaldo Goulart Bicalho, pesquisador e Professor de Economia UFRJ, em entrevista ao Senge Play, o governo tem fugido do racionamento apostando em energias não renováveis cuja fatura já chegou e continuará chegando aos lares e empresas brasileiras. 

“O racionamento, a gente já contratou. A questão é quando ele vai ser acionado. Tem gente dizendo que as térmicas vão custar R$ 25 bilhões. Ano passado estava em R$ 8 bilhões. E se essa conta não for paga agora, será paga em 2022. Estamos comprando energia a prazo”, previu em março deste ano.

Ronaldo Goulart Bicalho, pesquisador e Professor de Economia UFRJ

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Com relação a Compagas, ela é uma concessão federal. A intenção de Ratinho é renovar essa permissão para então vender a empresa. Mais uma vez, o processo pode ser travado federal, que deve criar empecilho para a venda do patrimônio dos paranaenses.

Em março deste ano, o CEO Daniel Slaviero, no seu comunicado ao mercado, disse que “ao longo do ano, avançamos em nossa estratégia em busca de uma atuação focada no core business da Copel, o setor de energia elétrica. Concluímos o desinvestimento da Copel Telecom, que injetou R$ 2,5 bilhões no caixa da Companhia, e iniciamos a preparação do processo de venda da Compagas, que estimamos ser concluído em 2022”, direcionou

De acordo com a Copel, caso a assinatura do novo contrato de concessão aconteça este ano, a venda de 51% do capital da Compagas, detida pela companhia, se dará até o segundo semestre de 2023.

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